A história da maldição de Nalakuvara e Manigriva e da liberação deles por Krishna, pelo desejo bem-aventurado do grande sábio Narada, é descrita aqui.
Os dois grandes semideuses, Nalakuvara e Manigriva, são filhos do tesoureiro dos semideuses, Kuvera, que é um grande devoto do Senhor Shiva. Pela graça do Senhor Shiva, a opulência material de Kuvera não tem limite. Do mesmo modo como os filhos de um homem rico geralmente ficam dados a vinho e mulheres, esses dois filhos de Kuvera também gostavam de vinho e sexo. Certa vez, esses dois semideuses, a fim de se divertirem, entraram no jardim do Senhor Shiva na província de Kailasa, na margem do Mandakini Ganges. Lá, eles beberam demais e se distraíram com o doce canto de belas mulheres que os acompanhavam naquele jardim de flores fragrantes. Em estado de embriaguez, ambos entraram na água do Ganges, que estava repleta de flores de lótus, e começaram a desfrutar da companhia das jovens moças exatamente como o elefante macho desfruta de suas fêmeas dentro da água.
Enquanto desfrutavam dessa forma na água, de repente, Narada, o grande sábio, passou por aquele caminho. Ele pôde entender que os semideuses Nalakuvara e Manigriva estavam muito embriagados e nem conseguiram ver que ele passava. As jovens moças, entretanto, não estavam tão embriagadas quanto os semideuses, e ficaram imediatamente envergonhadas por estarem nuas perante o grande sábio Narada. Elas começaram a se cobrir com muita pressa. Os dois semideuses filhos de Kuvera estavam tão embriagados que não puderam apreciar a presença do sábio Narada e por isso não cobriram seus corpos. Ao ver os dois semideuses tão degradados por causa da intoxicação, Narada desejou o bem deles, e por isso expressou sua misericórdia sem causa para eles com uma maldição.
Porque o grande sábio ficou compadecido por eles, queria acabar com seu falso desfrute por meio da intoxicação e da companhia de jovens moças, e desejou que eles vissem o Senhor Krishna face a face. Ele concebeu uma maldição como se segue. Ele disse que a atração pelo desfrute material é devida a um incremento do modo da paixão. Uma pessoa no mundo material, quando é favorecida pela opulência material da riqueza, geralmente se torna viciada em três coisas: intoxicação, sexo e jogos de azar. Pessoas materialmente opulentas ficam enfatuadas de orgulho com o acúmulo de riqueza, também se tornam tão cruéis que se dedicam à matança de animais inocentes com a abertura de matadouros. E pensam que nunca vão morrer. Tais pessoas tolas esquecem as leis da natureza e se tornam demasiadamente enamoradas pelo corpo. Esquecem que o corpo material, mesmo que esteja muito avançado na civilização, até a posição elevada dos semideuses, finalmente virará cinzas ao ser cremado. E enquanto a pessoa viver, qualquer que seja a condição externa do corpo, dentro dele só há fezes, urina e vários tipos de vermes. Assim dedicadas à inveja e violência contra outros corpos, pessoas materialistas não conseguem entender a meta última da vida, e sem conhecimento sobre o objetivo da vida, elas geralmente escorregam abaixo para a condição infernal em sua próxima vida. Tais pessoas tolas cometem todos os tipos de atividades pecaminosas por conta deste corpo temporário, e são até mesmo incapazes de considerar se este corpo realmente pertence a elas. Geralmente se diz que o corpo pertence às pessoas que alimentam o corpo. Portanto, a pessoa pode considerar se este corpo pertence a ela propriamente ou ao patrão a quem ela presta serviço. O senhor dos escravos reivindica direito pleno sobre os corpos de seus escravos porque ele alimenta os escravos. Também, pode-se questionar se o corpo pertence ao pai, que é o senhor que dá a semente do corpo, ou à mãe, que desenvolve o corpo da criança dentro do ventre.
Pessoas tolas se dedicam a cometer todo tipo de pecado devido ao conceito errado de identificar o corpo material com o eu. Porém a pessoa deve ser inteligente o suficiente para entender a quem este corpo pertence. Uma pessoa tola se entrega à matança de outros animais para manter seu corpo, mas não considera se este corpo pertence a ela ou a seu pai ou mãe ou avô. Às vezes, um pai dá sua filha de presente para alguém com a intenção de receber a criança da filha de volta como seu filho. O corpo também pode pertencer a um homem mais forte que o força a trabalhar para ele. Às vezes, o corpo do escravo é vendido a um senhor com base em que o corpo pertencerá ao senhor. E no fim da vida, o corpo pertence ao fogo, porque o corpo é dado ao fogo e cremado até as cinzas. Ou então o corpo é jogado na rua para ser comido pelos cães e urubus.
Depois de cometer todos os tipos de pecados para manter o corpo, a pessoa deve entender a quem o corpo pertence. Ultimamente, conclui-se que o corpo é um produto da natureza material, e no fim ele se funde na natureza material; portanto, a conclusão deve ser que o corpo pertence à natureza material. A pessoa não deve pensar erroneamente que o corpo pertence a ela. Com o propósito de manter uma posse falsa, por que a pessoa deve se entregar à matança? Por que matar animais inocentes para manter o corpo?
Quando um homem está inchado de orgulho com prestígio falso por causa da opulência, não se importa com nenhuma instrução moral e se entrega a vinho, mulheres e matança de animais. Nessas circunstâncias, um homem pobre está em melhor situação porque o pobre pensa nele mesmo em relação a outros corpos. Um homem pobre não deseja infligir dor a outros corpos porque pode entender com mais clareza que quando ele próprio é ferido, sente dor. Assim, o grande sábio Narada considerou porque os semideuses Nalakuvara e Manigriva estavam tão arrebatados por causa do prestígio falso, deviam ser postos em uma condição de vida desprovida de opulência.
A pessoa que tem um espinho no corpo não deseja que outros sejam espetados por espinhos; um homem ponderado que vive na pobreza não deseja que outros também sejam postos nessa condição. Geralmente, vemos que quando uma pessoa ascende da vida de pobreza e se torna rica, cria alguma instituição de caridade no fim de sua vida para que outras pessoas pobres possam ser favorecidas. Em suma, uma pessoa pobre compassiva pode considerar os sofrimentos e prazeres dos outros com empatia. Uma pessoa pobre raramente fica enfatuada com prestígio falso, e pode ficar livre de todos os tipos de exaltação. Ela pode ficar satisfeita com o que obter para sua manutenção pela graça do Senhor.
Permanecer na condição de pobreza é um tipo de austeridade. Segundo a cultura Védica, portanto, os brahmanas, como é de costume, mantêm-se na condição de pobreza para evitar o prestígio falso da opulência material. Prestígio falso por causa de avanço da prosperidade material é um grande impedimento para a emancipação espiritual. Um homem pobre não tem propensão a ficar gordo artificialmente por comer em demasia. E porque não tem condições de comer mais do que o necessário, seus sentidos não são muito turbulentos. Quando os sentidos não são muito turbulentos, ele não pode se tornar violento.
Outra vantagem da pobreza é que uma pessoa santa pode entrar facilmente na casa de um pobre, e assim o pobre pode aproveitar a vantagem da companhia da pessoa santa. Um homem muito opulento não permite que ninguém entre na sua casa; por isso que a pessoa santa não pode entrar. Segundo o sistema Védico, uma pessoa santa assume a posição de mendigo com o pretexto de mendigar alguma coisa do pai de família, e assim poder entrar em qualquer casa. O dono da casa, que geralmente esquece tudo sobre avanço espiritual porque está muito ocupado na manutenção das obrigações familiares, pode ser favorecido pela companhia da pessoa santa. Existe uma grande chance de o pobre ser liberado por meio da companhia de um santo. Qual a vantagem das pessoas serem inchadas de orgulho por causa da opulência material e prestígio se são desprovidas da companhia de pessoas santas e devotos da Suprema Personalidade de Deus?
Assim, o grande sábio Narada achou que era sua obrigação pôr esses semideuses numa condição na qual não pudessem ficar orgulhosos falsamente de sua opulência material e prestígio. Narada compadeceu-se e quis salvá-los de suas vidas caídas. Eles estavam no modo da escuridão, portanto incapazes de controlar seus sentidos, por isso eram dados à vida sexual. É dever de uma pessoa santa como Narada salvá-los de sua condição abominável. Na vida animal, o animal não tem noção para entender que está nu. Porém, Kuvera é o tesoureiro dos semideuses, um homem muito responsável, e Nalakuvara e Manigriva são dois de seus filhos. Mesmo assim, eles se tornaram tão animalescos e irresponsáveis que não conseguiam entender, por causa da intoxicação, que estavam nus. Cobrir as partes íntimas do corpo é um princípio da civilização humana, e quando um homem ou uma mulher esquece esse princípio, torna-se degradado. Por isso, Narada achou que a melhor punição para eles era torná-los seres vivos imóveis, ou árvores. As árvores são imóveis por natureza. Apesar das árvores serem cobertas pelo modo da ignorância, não podem causar nenhum mal. O grande sábio Narada achou bom, apesar dos irmãos, por sua misericórdia, serem punidos para se tornarem árvores, continuarem a manter sua memória a fim de saberem por que foram punidos. Após a mudança de corpo, o ser vivo geralmente se esquece de sua vida prévia, mas em casos especiais, pela graça do Senhor, como no caso de Nalakuvara e Manigriva, pode lembrar.
Assim, o sábio Narada ponderou que os dois semideuses deviam permanecer durante cem anos, no tempo dos semideuses, na forma de árvores, e depois disso teriam boa ventura suficiente para verem a Suprema Personalidade de Deus face a face, por Sua misericórdia sem causa. Então, seriam promovidos novamente à vida de semideuses e grandes devotos do Senhor.
Depois disso, o grande sábio Narada voltou à sua morada conhecida como Narayanashrama, e os dois semideuses se tornaram árvores, conhecidas como árvores arjuna gêmeas (terminalia arjuna). Os dois semideuses foram favorecidos pela misericórdia sem causa de Narada e tiveram a sorte de crescerem no quintal de Nanda e verem o Senhor Krishna face a face.
Apesar de o bebê Krishna estar amarrado no pilão de madeira, Ele foi em direção às árvores enormes a fim de cumprir a profecia de Seu grande devoto Narada. O Senhor Krishna sabia que Narada é Seu grande devoto e que as árvores em Sua frente na forma de árvores arjuna gêmeas eram na realidade filhos de Kuvera. "Agora, preciso cumprir as palavras de Meu grande devoto Narada", Ele pensou. Assim, Ele prosseguiu em direção à passagem entre as duas árvores. Apesar de Ele poder passar pela passagem, o grande pilão de madeira ficou preso horizontalmente entre as duas árvores. O Senhor Krishna aproveitou isso e começou a puxar a corda que estava amarrada no pilão. Logo que Ele puxou, com muita força, as duas árvores, com todos troncos e galhos, caíram imediatamente com um barulho estrondoso. Das árvores derrubadas e caídas, saíram duas grandes personalidades, que brilhavam como o fogo ardente. Todos os lados ficaram iluminados e embelezados pela presença deles. Os dois corpos purificados vieram imediatamente à frente do bebê Krishna e se prostraram para prestarem seus respeitos e preces com as seguintes palavras.
"Querido Senhor Krishna, Você é a Personalidade de Deus original, mestre de todos os poderes místicos. Os brahmanas eruditos sabem muito bem que esta manifestação cósmica é uma expansão de Suas potências que às vezes se manifestam e às vezes não se manifestam. Você é o provedor original da vida, corpo e sentidos de todos os seres vivos. Você é o Deus eterno, Senhor Vishnu, que é todo-penetrante, o controlador principal de tudo. Você é o tempo eterno. Você é a fonte original da manifestação cósmica que age sob o encanto dos três modos da natureza material, bondade, paixão e ignorância. Você vive na forma da Superalma dentro dos seres vivos multiformes, e Você sabe muito bem tudo o que acontece dentro de suas mentes e corpos. Portanto, Você é o diretor supremo de todas as atividades de todos os seres vivos. Apesar de Você estar no meio de tudo que está sob o encanto dos modos materiais da natureza, Você não é afetado por essas qualidades contaminadas. Ninguém sob a jurisdição dos modos materiais pode entender Suas qualidades transcendentais, que existiam antes da criação; por isso Você é chamado de Brahman Supremo que é sempre glorificado por causa de Suas potencias internas pessoais. Neste mundo material, Você só pode ser conhecido por meio de Suas diferentes encarnações. Apesar de assumir diferentes tipos de corpos, esses corpos não fazem parte da criação material. Eles são sempre plenos das potências transcendentais com opulência, poder, beleza, fama, sabedoria e renúncia ilimitados. Na existência material, existe uma diferença entre o corpo e o proprietário do corpo, mas porque Você aparece em Seu corpo espiritual original, não há diferença para Você. Quando Você aparece, Suas atividades incomuns indicam que Você é a Suprema Personalidade de Deus. Essas atividades incomuns não são possíveis para qualquer um dentro da existência material. Você é essa Suprema Personalidade de Deus, que agora apareceu para causar nascimento e morte bem como a liberação dos seres vivos. E Você é completo com todas as Suas expansões plenárias. Você pode conceder todos os tipos de bendições a todos. Ó Senhor! Ó fonte de toda boa fortuna e bondade, prestamos nossas respeitosas reverências a Você. Você é a Suprema Personalidade de Deus todo-penetrante, a fonte da paz e a pessoa suprema da dinastia do rei Yadu. Ó Senhor, nosso pai conhecido como Kuvera, o semideus, é Seu servo. Similarmente, o grande sábio Narada também é Seu servo, e somente pela graça deles fomos capazes de vê-Lo pessoalmente. Por isso, rogamos para que possamos estar sempre ocupados em Seu serviço amoroso transcendental por falar somente sobre Suas glórias e ouvir sobre Suas atividades transcendentais. Que nossas mãos e outros membros estejam comprometidos com Seu serviço e nossas mentes sempre concentradas em Seus pés de lótus e nossas cabeças sempre prostradas perante a forma universal todo-penetrante de Sua Onipotência".
Quando os semideuses Nalakuvara e Manigriva terminaram suas preces, o bebê, Senhor Krishna, o senhor e proprietário de Gokula, amarrado ao pilão de madeira com as cordas de mãe Yashoda, começou a sorrir e disse, "Eu já sabia que Meu grande devoto e sábio Narada demonstrou sua misericórdia sem causa ao salvá-los da condição abominável do orgulho devido à posse de beleza e opulência extraordinárias na família dos semideuses. Ele os salvou de deslizarem abaixo para a condição inferior da vida infernal. Todos esses fatos já eram conhecidos por Mim. Vocês são muito afortunados porque não apenas foram amaldiçoados por ele, mas também tiveram a grande oportunidade de vê-lo. Se por acaso, alguém for capaz de ver uma grande pessoa santa igual a Narada face a face, que é sempre sereno e misericordioso com todos, essa alma condicionada imediatamente se torna liberada. Isso é exatamente como estar situado na luz plena do Sol, não existe nenhum impedimento de visão. Portanto, ó Nalakuvara e Manigriva, suas vidas agora se tornaram bem sucedidas porque vocês desenvolveram amor extático por Mim. Este é seu último nascimento dentro da existência material. Agora, vocês podem voltar à residência de seu pai no planeta celestial, e com permanência na atitude do serviço devocional, vocês serão liberados nesta mesma vida".
Depois disso, os semideuses circungiraram o Senhor muitas vezes e se prostraram perante Ele repetidamente, e assim partiram. O Senhor permaneceu amarrado com as cordas no pilão de madeira.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Décimo Capítulo de Krishna, "Liberação de Nalakuvara e Manigriva".
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Guia para estudo do Capítulo 10 do livro “Krsna a Suprema Personalidade de Deus”
1 – Quem são Nalakuvara e Manigriva? O que eles fizeram para que Narada Muni lançasse uma maldição?
2 – Qual foi a intenção de Narada ao “amaldiçoar” estes semideuses? Qual é a sua reação quando vê alguém fazendo algo que você considera errado?
3 – Srila Prabhupada discute o ponto de “A quem pertence o corpo da entidade viva”. Segundo ele poderíamos pensar em quais possibilidades? Qual é a conclusão dele? Você concorda com a resposta?
4 – Srila Prabhupada fala sobre a importância de um brahmana se manter numa condição de pobreza. Analise esta questão. Hoje em dia podemos aplicar estes conceitos?
5 – Qual foi a maldição de Narada e porque foi considerada “Bênção – maldição” ?
6 – Analise as orações dos semideuses para a criança Krsna. Você percebe como elas se desenvolvem?
Como são as suas orações para Krsna?
7 – Será que eles aprenderam a lição depois de cumprirem o destino?
8 – O que foi que Krsna disse a eles após terminarem as orações?
9 – Que lições tiramos desta história?
10 – Você já passou por alguma situação parecida, em que tivesse que sofrer por muito tempo?
Houve aprendizado, ou revolta??
Este é um grupo de devotas de Krsna interessadas em estudar a Literatura Védica sob a ótica de Srila Prabhupada! Como amigas pretendem executar ações que incrementem a consciência de Krsna! Sejam todas bem vindas!
sábado, 15 de fevereiro de 2020
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020
Krsna a Suprema Personalidade de Deus - Capítulo 9 - Mãe Yashoda Amarra o Senhor Krsna
Certa vez, ao ver que sua ajudante estava ocupada em vários deveres domésticos, mãe Yashoda se encarregou de bater a manteiga pessoalmente. Enquanto batia a manteiga, cantava os passatempos infantis de Krishna e desfrutava com o pensamento absorto em seu filho.
A parte inferior de seu sári estava bem apertada enquanto batia, e por causa do amor intenso por seu filho, o leite escorria de seus seios que se moviam à medida que trabalhava arduamente, ao bater com as duas mãos. As pulseiras e braceletes em suas mãos tilintavam à medida que batiam entre si, e seus brincos e seios sacudiam. Havia gotas de suor em sua face, e a grinalda que estava em sua cabeça se espalhou por todos os lados. Nessa cena pitoresca, o Senhor Krishna apareceu como uma criança. Ele sentiu fome, e por causa do amor por Sua mãe, queria que ela parasse de bater a manteiga. Ele indicou que a primeira obrigação dela era deixá-Lo mamar em seu seio, e depois bater a manteiga mais tarde.
Mãe Yashoda pegou seu filho no colo e pôs o bico de seu seio na boca Dele, e enquanto Krishna mamava seu leite, ela sorria, e desfrutava a beleza da face de seu filho. De repente, o leite que estava no fogão começou a ferver. Então, para impedir que o leite derramasse, mãe Yashoda pôs Krishna de lado imediatamente e foi até o fogão. Deixado desse jeito por Sua mãe, Krishna ficou bravo, e Seus lábios e olhos ficaram vermelhos de raiva. Ele apertou Seus dentes e lábios, pegou um pedaço de pedra e imediatamente quebrou o pote de manteiga. Ele pegou um pouco da manteiga, e com lágrimas falsas em Seus olhos, começou a comer a manteiga num lugar escondido.
Então, mãe Yashoda voltou ao local de bater manteiga depois de pôr em ordem a panela de leite que transbordava. Ela viu o pote quebrado, no qual ficava o iogurte batido. Como não conseguiu achar seu menino, concluiu que o pote quebrado foi arte Dele. Ela começou a sorrir enquanto pensava: "O menino é muito esperto. Depois de quebrar o pote, Ele saiu daqui com medo do castigo". Depois de procurar em toda parte, ela encontrou um grande pilão de madeira que era guardado de cabeça para baixo, e viu seu filho sentado em cima dele. Ele pegava a manteiga que era guardada num pote pendurado no teto, e dava para os macacos comerem. Ela viu Krishna olhar de cá para lá com medo dela pois tinha consciência de Seu mau comportamento. Depois de ver seu filho ocupado desse jeito, ela se aproximou Dele por trás com muito silêncio. Porém, Krishna muito rápido a viu se aproximar Dele com uma vara na mão, imediatamente Ele desceu do pilão e começou a fugir de medo.
Mãe Yashoda O perseguiu por todos os cantos, para tentar capturar a Suprema Personalidade de Deus que nunca é aproximado até mesmo pelas meditações dos grandes yogis. Em outras palavras, a Suprema Personalidade de Deus, Krishna, que nunca é alcançado pelos yogis e especuladores, brincava como uma criança comum para uma grande devota do nível de mãe Yashoda. Mãe Yashoda, entretanto, não conseguiu pegar facilmente a criança que corria depressa para fugir por causa de sua cintura fina e corpo pesado. Mesmo assim, ela tentou persegui-Lo na medida do possível. Seu cabelo se soltou, e a flor em seu cabelo caiu no chão. Apesar de estar cansada, ela conseguiu alcançar seu filho travesso e o pegou. Quando foi pego, Krishna estava quase no ponto de chorar. Ele esfregou Suas mãos em Seus olhos, que estavam untados com rímel preto. O menino olhava para o rosto de Sua mãe em pé diante Dele, e Seus olhos ficaram inquietos de medo. Mãe Yashoda entendeu que Krishna estava apreensivo sem necessidade, e para o bem Dele, ela queria atenuar Seu medo.
Porque é o maior benquerente de seu filho, mãe Yashoda começou a pensar: "Se o menino tiver muito medo de mim, não sei o que acontecerá com Ele". Mãe Yashoda então jogou sua vara fora. E para castigá-Lo, ela pensou em amarrar Suas mãos com algumas cordas. Ela não sabia, mas é realmente impossível amarrar a Suprema Personalidade de Deus. Mãe Yashoda pensava que Krishna era seu filho pequeno; ela não sabia que a criança não tem limitação. Não existe interior ou exterior Nele, nem começo nem fim. Ele é ilimitado e todo-penetrante. Na verdade, Ele próprio é a manifestação cósmica inteira. Mesmo assim, mãe Yashoda achava que Krishna era seu filho. Apesar de Ele estar além do alcance dos sentidos, ela se empenhou para amarrá-Lo em um pilão de madeira. Mas quando tentou amarrá-Lo, percebeu que a corda que usou era curta demais; cinco centímetros. Ela juntou mais cordas da casa e as adicionou, mas no fim percebeu a mesma falta. Dessa forma, ela juntou todas as cordas disponíveis na casa, mas quando ia dar o nó final, percebia que ainda faltavam cinco centímetros. Mãe Yashoda sorria, mas estava perplexa. Como aquilo podia acontecer?
Na tentativa de amarrar seu filho, ela ficou cansada. Ela transpirava, e a grinalda em sua cabeça caiu no chão. Então o Senhor Krishna apreciou o trabalho árduo de Sua mãe, e com compaixão por ela, concordou em ser amarrado com as cordas. Krishna, que atuava como uma criança humana na casa de mãe Yashoda, realizava Seus próprios passatempos selecionados. Claro que ninguém pode controlar a Suprema Personalidade de Deus. O devoto puro se rende aos pés de lótus do Senhor, que pode ou proteger ou subjugar o devoto. Mas em seu lado, o devoto nunca esquece sua própria posição de rendição. Similarmente, o Senhor também sente prazer transcendental quando Se submete à proteção do devoto. Isso é exemplificado pela rendição de Krishna à Sua mãe, Yashoda.
Krishna é o concedente supremo de todos tipos de liberação a Seus devotos, mas a bênção que concedeu à mãe Yashoda nunca foi experimentada até mesmo pelo Senhor Brahma ou o Senhor Shiva ou a deusa da fortuna.
A Suprema Personalidade de Deus, que é conhecido como o filho de Yashoda e Nanda Maharaja, nunca é tão conhecido inteiramente pelos yogis e especuladores. Mas é facilmente disponível para Seus devotos. Nem é apreciado como o supremo reservatório de todo prazer pelos yogis e especuladores.
Depois de amarrar seu filho, mãe Yashoda se dedicou aos afazeres domésticos. Nesse momento, amarrado ao pilão de madeira, Krishna viu uma par de árvores em Sua frente que eram conhecidas como árvores arjuna (terminalia arjuna). O grande reservatório de prazer, o Senhor Sri Krishna, então pensou Consigo mesmo: "Mãe Yashoda Me deixou sem Me dar leite o suficiente, por isso quebrei o pote de iogurte e distribui o estoque de manteiga em caridade aos macacos. Agora ela Me amarrou num pilão de madeira. Por isso vou fazer algo mais travesso do que antes". Assim Ele pensou em derrubar as duas árvores arjuna enormes.
Existe uma história por trás do par de árvores arjuna. Em suas vidas passadas, as árvores nasceram como filhos humanos de Kuvera, e seus nomes eram Nalakuvara e Manigriva. Felizmente, eles entraram na visão do Senhor. Em sua vida passada, eles foram amaldiçoados pelo sábio Narada para que pudessem receber a bênção suprema de poderem ver o Senhor Krishna. Essa bênção-maldição foi concedida a eles por causa de seu esquecimento devido à intoxicação. Essa história será narrada no próximo capítulo.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Nono Capítulo de Krishna, "Mãe Yashoda Amarra o Senhor Krishna".
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Questionamentos do Capítulo 9 do Livro “Krsna, a Suprema Personalidade de Deus”
1 – Mãe Yashoda realizava suas atividades pensando em Krsna.
Você faz isso também?
2 – Ao ler este capítulo preste atenção ao fato de que você é capaz de visualizar as imagens presentes nas cenas.
Note como é o funcionamento do nosso cérebro… Se eu disser a você: “NÂO pense em um elefante cor de rosa com pintas pretas” Você conseguiu não pensar? Não conseguiu, não é mesmo?!
Assim tudo o que aproximamos dos nossos sentidos são analisados pelo cérebro e acabamos absorvendo informações que muitas vezes ficam no nosso subconsciente e nos induzem a ações futuras. Não lhe parece interessante se aproximar destes assuntos transcendentais tendo este ponto de vista?
3 – O que você acha do fato de Krsna ter ficado com raiva?
4 – Quais as travessuras que Ele fez e qual foi a reação de mãe Yashoda?
5 – Qual é a conclusão do fato de Krsna ter se deixado amarrar?
6 – Qual é a história por trás das árvores arjuna?
7 – O que significa “benção – maldição” ?
8 – Formule também um questionamento para que todas possam refletir.
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