domingo, 19 de julho de 2020

Krsna a Suprema Personalidade de Deus - Capítulo 19 - Krsna devora o incêndio na floresta

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Guia de Estudos

1 – Neste momento da história, o que acontece com as vacas e bezerros enquanto os pastorzinhos brincavam?
2 – Descreva as súplicas dos amiguinhos de krsna e Balarama.
3 – Quando você está em dificuldades faz uma súplica a Krsna?
4 – Como Krsna reagiu à suplica dos pastores?
5 – O que os meninos pensavam de Krsna?
6 – O que você pensa de Krsna?
7 – Durante as horas em que os pastores estavam com as vacas, qual era o estado de espírito das gopis?
8 – Você não acha maravilhoso conhecer estas histórias?
Quais ensinamentos você pode tirar desta história?




Krsna a Suprema Personalidade de Deus - Capítulo 18 - Balarama mata o demônio Pralambasura

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Guia de Estudos para o Capítulo 18

1 – Fale sobre o verão em Vrndavana
2 – Descreva a atmosfera em Vrndavana e a relação dela com Krsna e Balarama.
3 – Pense nesta descrição e se imagine brincando com os pastorzinhos e bezerros.
4 – Quem era Pralambasura?
5 – Descreva a brincadeira escolhida quando Pralambasura chegou na cena.
6 – Quem matou o demônio Pralambasura e o que isso significa?
7 – O que significa “matar Pralambasura”?
8 - Você acredita que esteja "matando" este anartha no seu coração?

Krsna a Suprema Personalidade de Deus - Capítulo 17 - Krsna extingue o incêndio na floresta

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Guia de Estudos do Capítulo 17 – Krsna Extingue o Fogo na Floresta

1 – O que o Rei Pariksit perguntou a Sukadeva Gosvami sobre a serpente Kaliya e qual foi a resposta?
2 – Por que Garuda lutou com kaliya no planeta das Nagas?
3 – Conte a história de Soubari Muni e a relação com Garuda.
4 – Qual é a instrução para quem ofende um vaisnava?
5 – Descreva a saída de ksrna das águas do Rio Yamuna.
6 – O que aconteceu enquanto os pastores e as vacas dormiam às margens do Rio Yamuna?
7 – Você já teve alguma experiência de ser salva por Krsna? Conte sua história a alguém e indague de alguma amiga sobre o mesmo assunto. Esta troca trará muita alegria ao coração.

Krsna a Suprema Personalidade de Deus - Capítulo 16 - Submissão de Kaliya

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Guia de Estudos para o Capítulo 16 do Livro “Krsna, a Suprema Personalidade de Deus”

1 – Por que Maharaj Pariktis ficou entusiasmado para ouvir os passatemos infantis de Krsna? Por que este fato é mencionado aqui? Você fica entusiasmada em aprender sobre o que Krsna fez em Vrandavana?
2 – Fale sobre o estado do Rio Yamuna no trecho descrito neste momento e indique porque ele estava assim. Fale sobre a única árvore que estava viva e o que Krsna fez c om ela. Você sabe como está o Rio Yamuna neste momento (2020)?
3 – Explique o sentimento duplo de Kaliya quando viu Krsna.
4 – Quais foram os maus presságios que ocorreram quando Krsna entrou na água? Você já presenciou algo assim?
5 – Quais foram os sentimentos dos habitantes de Vrndavana ao saberem o que estava havendo no Yamuna? Repare bem nos sentimentos de mãe Yashoda.
6 – O que aconteceu enquanto Krsna Se confrontava com Kaliya?
7 – Fale sobre as Nagapatnis, quem são, o que sentiam, o que disseram a krsna, quais foram suas intenções e de que maneira elas se aproximaram de Krsna.
8 – Quais são as bençãos de quem conhece este passatempo?
9 – O que Krsna resolveu fazer neste momento da história?
10 - O que você aprendeu com este passatempo? Qual é o significado desta personalidade de Kaliya? Você acha que está evitando a ofensa que é representada por esta pessoa? Tem aplicado este ensinamento em sua vida?

Krsna a Suprema Personalidade de Deus - Capítulo 15 - A Morte de Denukasura

Śrī Kṛṣṇa e Seu irmão mais velho, Balarāma, passaram da idade infantil kaumāra para a idade paugaṇḍa, que vai do sexto até o décimo ano. Naquela ocasião, todos os vaqueiros se reuniram e concordaram em dar àqueles meninos que haviam passado dos cinco anos o encargo das vacas nos pastos. Encarregados das vacas, Kṛṣṇa e Balarāma atravessavam Vṛndāvana, purificando a terra com as pegadas dos Seus pés de lótus.

Acompanhado pelos vaqueirinhos e Balarāma, Kṛṣṇa conduzia as vacas e tocava flauta pela floresta de Vṛndāvana, que era cheia de flores, vegetais e capim de pasto. A floresta de Vṛndāvana era tão santificada como a mente de um devoto e estava cheia de abelhas, flores e frutas. As aves chilreavam, e os lagos de águas claras davam alívio a todas as fadigas, enquanto brisas de perfume suave sopravam sempre, reavivando a mente e o corpo. Kṛṣṇa, com Seus amigos e Balarāma, entrou na floresta e, vendo a situação favorável, aproveitou ao máximo a atmosfera. Kṛṣṇa viu todas as árvores carregadas de frutas e de ramos novos curvando-se até tocar o chão, como se Lhe dessem boas-vindas tocando Seus pés de lótus. Ele ficou muito satisfeito com o comportamento das árvores, frutas e flores e começou a sorrir, compreendendo os desejos delas.

Kṛṣṇa, então, falou para Seu irmão mais velho, Balarāma: “Meu querido irmão, Você é superior a todos nós, e Seus pés de lótus são adorados pelos semideuses. Veja só como estas árvores cheias de frutas se curvaram para adorar Seus pés de lótus. Parece que, deste modo, elas tentam sair das trevas de terem sido obrigadas a aceitar a forma de árvores. De fato, as árvores nascidas em Vṛndāvana não são entidades vivas comuns. Elas estão nesta condição de vida estacionária por terem defendido o ponto de vista impessoal em suas vidas passadas, mas, agora, elas têm a oportunidade de vê-lO em Vṛndāvana e oram por mais avanço na vida espiritual, aproveitando-se da associação pessoal com Você.

De modo geral, as árvores são entidades vivas no modo da escuridão, e os filósofos impersonalistas estão nessa escuridão, mas eles a erradicam tirando pleno proveito de Sua presença. Acho que os zangões que estão zumbindo ao Seu redor foram Seus devotos em vidas passadas. Eles não conseguem deixar Sua companhia porque ninguém pode ser um senhor melhor e mais carinhoso do que Você, que é o Deus supremo e original. Esses zangões tentam difundir Suas glórias através do canto constante, e acho que alguns deles devem ser grandes sábios, devotos de Sua Onipotência, que estão disfarçados de zangões porque são incapazes de abandonar Sua companhia, mesmo por um momento. Meu querido irmão, Você é a suprema Divindade adorável. Veja só como os pavões estão dançando em Sua frente com grande êxtase. Os veados, cujo comportamento é igual ao das gopīs, estão Lhe dando boas-vindas com o mesmo afeto. E os cucos que moram nesta floresta recebem-nO com grande júbilo porque consideram muito auspicioso Você ter vindo até a casa deles. Embora sejam árvores e animais, estes moradores de Vṛndāvana O estão glorificando e estão dispostos a acolhê-lO da melhor maneira que podem, como é a prática das grandes almas ao receberem em casa outra grande alma. Quanto à terra, ela é tão piedosa e afortunada que as pegadas de Seus pés de lótus estão marcando seu corpo”.

“É muito natural para estes habitantes de Vṛndāvana receber assim uma grande personalidade como Você. As ervas, trepadeiras e plantas também são afortunadas de poderem tocar Seus pés de lótus. E, por Você tocar em seus ramos, essas plantinhas também se tornam gloriosas. E a respeito das colinas e rios, também são gloriosos porque Você está olhando para eles. Acima de tudo, as meninas de Vraja, as gopīs, atraídas por Sua beleza, são as mais gloriosas, porque Você as abraça com Seus braços fortes”.

E, assim, o Senhor Kṛṣṇa e Balarāma começaram a gozar a companhia dos habitantes de Vṛndāvana nas margens do Yamunā para a completa satisfação dos vaqueirinhos, bezerros e vacas. Em alguns lugares, Kṛṣṇa e Balarāma eram acompanhados por Seus amigos. Os meninos cantavam, imitavam o zumbido dos zangões e acompanhavam Kṛṣṇa e Balarāma, que estavam enguirlandados de flores silvestres. Enquanto andavam, os meninos às vezes imitavam o grasnido dos cisnes no lago ou, quando viam os pavões dançando, eles os imitavam diante de Kṛṣṇa. Kṛṣṇa também mexia o pescoço imitando a dança e fazendo Seus amigos rirem.

As vacas de que Kṛṣṇa tomava conta tinham nomes diferentes, e Kṛṣṇa as chamava com amor. Depois de ouvirem o chamado de Kṛṣṇa, as vacas logo respondiam mugindo, e os meninos apreciavam esse intercâmbio com plena satisfação em seus corações. Todos eles imitavam os sons vibrados pelas diferentes espécies de aves, especialmente os cakoras, pavões, cucos e bhāradvājas. Às vezes, quando viam animais menores fugindo de medo do rugido de leões e tigres, os meninos, com Kṛṣṇa e Balarāma, também imitavam os animais, correndo junto deles. Quando sentiam algum cansaço, eles se sentavam, e Balarāma punha a cabeça no colo de um dos meninos só para descansar, e Kṛṣṇa vinha sem demora e Se punha a massagear as pernas de Balarāma. Outras vezes, Ele pegava um abano de palmeira e começava a abanar o corpo de Balarāma, produzindo uma brisa agradável para aliviá-lO de Seu cansaço. Outros meninos, algumas vezes, dançavam ou cantavam enquanto Balarāma descansava; outras vezes, eles lutavam entre si ou saltavam. Quando os meninos se entretinham dessa maneira, Kṛṣṇa logo Se juntava a eles. Pegando em suas mãos e desfrutando de sua companhia, Kṛṣṇa ria e elogiava as atividades deles. Quando Kṛṣṇa sentia cansaço, Ele por vezes Se sentava debaixo de uma árvore ou Se deitava no colo de um vaqueirinho. Quando Ele Se deitava tendo um menino ou uma raiz de árvore como travesseiro, alguns dos meninos vinham massagear Suas pernas e alguns abanavam Seu corpo com um leque feito de folhas. Alguns dos meninos mais talentosos cantavam com vozes muito suaves para agradá-lO, e rapidamente Sua fadiga ia embora. A Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa, cujas pernas são cuidadas pela deusa da fortuna, misturava-Se ao grupo de vaqueirinhos como se fosse um deles e expandia Sua potência interna para parecer exatamente como um menino de vila. Porém, apesar dessa Sua aparência, havia ocasiões em que Ele provava ser a Suprema Personalidade de Deus. Às vezes, certos homens se fazem passar pelo Deus Supremo e enganam pessoas inocentes, mas só podem enganar, pois não podem exibir a potência de Deus.

Enquanto Kṛṣṇa ocupava-Se em Seus passatempos transcendentais, exibindo Sua potência interna na companhia de Seus afortunadíssimos amigos, ocorreu outra oportunidade para Ele exibir os poderes sobre-humanos da Divindade. Seus amigos mais íntimos, Śrīdāmā, Subala e Stokakṛṣṇa, começaram a falar com Kṛṣṇa e Balarāma com grande amor e afeição: “Querido Balarāma, Você é muito poderoso; Seus braços são muito fortes. Querido Kṛṣṇa, Você é muito hábil em matar todas as espécies de demônios perturbadores. Vocês já notaram que, bem perto daqui, há uma grande floresta chamada Tālavana? Essa floresta está cheia de palmeiras, e todas as árvores estão carregadas de frutas. Algumas estão caindo, outras estão muito maduras ainda na árvore. É um lugar muito agradável, mas, por causa de um demônio muito grande, Dhenukāsura, é muito difícil ir até lá. Ninguém pode chegar até as árvores para colher as frutas. Queridos Kṛṣṇa e Balarāma, esse demônio está presente lá na forma de um asno e está rodeado de amigos igualmente demônios sob a mesma forma. Todos eles são muito fortes, em razão do que é muito difícil se aproximar daquele lugar. Queridos irmãos, Vocês são as únicas pessoas capazes de matar tais demônios. Além de Vocês dois, ninguém mais pode ir lá – com medo de ser morto. Nem mesmo os animais vão até lá, e nenhuma ave pode dormir ali. Pode-se apenas apreciar o doce aroma que vem daquele lugar, pois parece que, até agora, ninguém saboreou as doces frutas de lá, seja na árvore, seja no chão. Querido Kṛṣṇa, para falar francamente, estamos muito atraídos por esse doce aroma. Querido Balarāma, vamos todos lá para saborear as frutas. Agora, o aroma das frutas espalha-se por toda parte. Vocês não sentem o cheiro daqui?”

Quando Balarāma e Kṛṣṇa foram solicitados dessa maneira por Seus sorridentes amigos íntimos, Eles ficaram inclinados a satisfazê-los e puseram-se a caminho da floresta rodeados de todos os Seus amigos. Imediatamente depois de entrar em Tālavana, Balarāma começou a sacudir as árvores com Seus braços, exibindo a força de um elefante. Por causa desse sacudir, todas as frutas maduras caíram no chão. Ouvindo o som das frutas que caíam, o demônio Dhenukāsura, que vivia ali na forma de um asno, começou a se aproximar com grande força, fazendo tremer todo o campo, de modo que todas as árvores começaram a se agitar como se houvesse um terremoto. O demônio apareceu primeiro diante de Balarāma e começou a dar coices no peito dEle com as suas pernas traseiras. No começo, Balarāma não disse nada, mas o demônio, muito irado, continuou a dar coices com maior veemência. Desta vez, Balarāma agarrou logo as pernas do asno com uma das mãos e, girando-o, atirou-o nas copas das árvores. Enquanto Balarāma o girava, o demônio perdeu a vida. Balarāma lançou o demônio sobre a maior palmeira próxima, e o corpo do demônio era tão pesado que a palmeira caiu sobre outras árvores, fazendo-as caírem também. Parecia que um grande furacão passara sobre a floresta, e todas as árvores estavam caindo, uma após a outra. Essa demonstração de força extraordinária não é surpreendente, porque Balarāma é a Personalidade de Deus conhecida como Ananta Śeṣanāga, que está sustentando todos os planetas nos capelos de Suas milhões de cabeças. Ele mantém toda a manifestação cósmica exatamente como dois fios se entrelaçam formando a trama de um tecido.

Depois que o demônio foi atirado nas árvores, todos os amigos e companheiros de Dhenukāsura reuniram-se imediatamente e atacaram Balarāma e Kṛṣṇa com muita força. Estavam determinados a retaliar e vingar a morte de seu amigo. Contudo, Kṛṣṇa e Balarāma começaram a pegar cada um dos asnos e a girá-los da mesma forma. Assim, mataram todos os asnos atirando-os sobre as palmeiras. Os cadáveres dos asnos formaram, então, uma cena panorâmica, pois parecia que nuvens de diversas cores se acumulavam sobre as árvores. Ouvindo falar sobre esse grande incidente, os semideuses dos planetas superiores começaram a derramar chuvas de flores sobre Kṛṣṇa e Balarāma e começaram a tocar seus tambores e a oferecer preces devocionais.

Alguns dias depois que Dhenukāsura fora morto, as pessoas começaram a ir para a floresta de Tālavana para colher as frutas, e os animais começaram a voltar sem medo para se alimentarem da excelente relva que crescia ali. Podem-se acumular atividades piedosas pelo simples fato de cantar ou ouvir essas atividades e passatempos transcendentais dos irmãos Kṛṣṇa e Balarāma.

Quando Kṛṣṇa, Balarāma e Seus amigos entraram na vila de Vṛndāvana, Eles tocavam flauta, e os meninos louvavam as incomuns atividades dos dois na floresta. Seus rostos estavam decorados com tilaka e sujos do pó que as vacas levantavam; a cabeça de Kṛṣṇa estava enfeitada com uma pena de pavão. Ele e Balarāma tocavam Suas flautas, e as jovens gopīs ficavam alegres ao verem Kṛṣṇa voltando para casa. Todas as gopīs em Vṛndāvana ficavam muito amuadas por causa da ausência de Kṛṣṇa. Ao longo do dia todo, elas pensavam em Kṛṣṇa na floresta ou apascentando as vacas no pasto. Ao verem Kṛṣṇa voltando, aliviavam-se de imediato de todas as suas ansiedades e começavam a olhar para o rosto dEle como se fossem zangões pairando sobre o mel da flor de lótus. Quando Kṛṣṇa entrava na vila, as jovens gopīs sorriam. Enquanto tocava flauta, Kṛṣṇa desfrutava dos belos rostos sorridentes das gopīs.

Então, Kṛṣṇa e Balarāma eram recebidos sem demora por Suas mães afetuosas, Yaśodā e Rohiṇī, que, de acordo com as exigências, começavam a satisfazer os desejos de seus filhos carinhosos. Ao mesmo tempo, as mães prestavam serviço e abençoavam seus filhos transcendentais. Elas cuidavam muito bem de seus filhos banhando-Os e vestindo-Os. Kṛṣṇa Se vestia de roupas amarelas, e Balarāma, de azuis, e recebiam todo o tipo de adornos e guirlandas de flores. Estando aliviados do cansaço do trabalhoso dia no pasto, Eles pareciam reanimados e muito belos.

Suas mães Lhes davam pratos saborosos, e Eles comiam tudo com gosto. Depois de comer, eram colocados em camas muito limpas, e as mães começavam a cantar várias canções sobre as atividades dEles. Nem bem Se sentavam na cama, Eles já caíam logo em sono profundo. Dessa maneira, Kṛṣṇa e Balarāma costumavam gozar a vida de Vṛndāvana como vaqueirinhos.

Às vezes, Kṛṣṇa costumava ir cuidar das vacas à beira do Yamunā com Seus amigos e com Balarāma e, outras vezes, ia só com Seus amigos. Certo dia, durante o verão, os meninos e as vacas ficaram com muita sede e começaram a beber a água do Yamunā. O rio, porém, estava envenenado por causa do veneno de uma grande serpente chamada Kāliya.

Porque a água estava muito envenenada, os meninos e as vacas foram afetados logo depois que a beberam. De repente, eles caíram no chão parecendo mortos. Então, Kṛṣṇa, que é a vida de tudo o que vive, lançou sobre eles Seu olhar misericordioso, e todos os meninos e vacas recuperaram a consciência e começaram a se entreolhar com grande espanto. Podiam entender que, por terem bebido a água do Yamunā, haviam morrido, e que o olhar misericordioso de Kṛṣṇa restaurara-lhes a vida. Assim, eles apreciaram o poder místico de Kṛṣṇa, que é conhecido como Yogeśvara, o senhor de todos os yogīs místicos.

Neste ponto, encerram-se os significados Bhaktivedanta do capítulo quinze de Kṛṣṇa, intitulado “A Morte de Dhenukāsura”.


Questionamentos do Capítulo Quinze – A morte de Dhenukasura

1 – Qual é o nome dado à idade de 6 a 10 anos? O que você acha dos passatempos de Krsna nesta idade?
2 – Descreva a Floresta de Vrndavana segundo este capítulo.
3 – Como Krsna se dirigia a Seu irmão Balarama?
4 – Fale sobre as árvores de Vrndavana segundo a opinião de Ksna.
5 – Fale algo sobre as brincadeiras dos pastorzinhos. Ao ler estes passatempos você consegue se imaginar entre eles e sentir o que eles sentem?
6 – Qual foi a proposta dos pastorzinhos neste momento da história?
7 – O que estava acontecendo na Floresta Talavana?
8 – Fale sobre a luta que houve lá.
9 – Qual é a relação das mães de Krsna e Balarama com seus filhos transcendentais?
10 – Fale sobre o final deste capítulo e o que você acha que Srila Prabhupada sentiu enquanto traduzia.
11 – Você está atenta em matar este demônio Denuka dentro de você? Tem conseguido? Como?



Do livro Sri Krsna Sanhita: “Discriminação sutil é extremamente importante para Vaisnavas. Aqueles que inventam distinções sociais e pregam os princípios inquebráveis do Vaisnavismo enquanto os quebram para satisfazerem suas necessidades, é dito que possuírem discriminação grosseira. Esta discriminação grosseira toma a forma de asno Dhenuka. O asno não consegue comer os doces frutos da palmeira, e se opoe às tentativas dos outros de comerem-nos. O significado é que os acharyas anteriores ds sampradayas autorizadas escreveram muitas literaturas espirituais que as pessoas com discriminação grosseira nem sequer compreendem nem permitem que outros vejam. Devotos semelhanes a asnos que estão simplesmente interessados nos princípios regulativos e sob controle da discriminação grosseira, são incapazes de galgar uma plataforma mais elevada. Princípios Vaisnavas são tão ilimitadamente exaltados, que aqueles que simplesmente permanecem enredados no processo regulativo sem tentarem entender a ciência do apego, são comparáveis a trabalhadores fruitivos comuns. Portanto, até que o asno Dhenukasura seja morto, não se pode avançar na Ciência do Vaisnavismo.” (Bhaktivinoda Thakura)

Krsna a Suprema Personalidade de Deus - Capítulo 14 - O Senhor Brahma oferece orações aoo Senhor Krsna

Brahmā disse: “Meu querido Senhor, Você é o único Senhor Supremo digno de adoração, a Personalidade de Deus, em virtude do que ofereço minhas humildes reverências e orações só para satisfazê-lO. O aspecto de Seu corpo é da cor de nuvens cheias de água, e Você reluz com uma aura elétrica de prata que emana de Suas roupas amarelas”.

“Que eu ofereça minhas repetidas e respeitosas reverências ao filho de Mahārāja Nanda, que está diante de mim com búzio, brincos e pena de pavão na cabeça. Seu rosto é belo; Ele está usando um elmo, está enguirlandado com flores silvestres e tem um punhado de comida na mão. Leva conSigo um cajado, uma corneta de chifre de búfalo e uma flauta e está de pé diante de mim com Seus pezinhos de lótus”.

“Meu querido Senhor, as pessoas dizem que sou o mestre de todo o conhecimento védico e supõe-se que eu seja o criador deste Universo. Contudo, foi provado agora que não posso entender Sua personalidade, embora Você esteja presente diante de mim como uma criança. Você está brincando com Seus amigos, bezerros e vacas, o que poderia insinuar que nem tem educação suficiente. Agora, Você aparece como um menino de vila, levando Sua comida na mão e procurando Seus bezerros. E, mesmo assim, há tanta diferença entre Seu corpo e o meu que não posso avaliar a potência de Seu corpo. Como já disse na Brahma-saṁhitā, Seu corpo não é material”.

Na Brahma-saṁhitā, se diz que o corpo do Senhor é completamente espiritual; não há diferença entre o corpo do Senhor e Seu eu. Cada membro de Seu corpo pode fazer as ações de todos os outros. O Senhor pode ver com Suas mãos, pode ouvir com Seus olhos, pode aceitar oferendas com Suas pernas e pode criar com Sua boca.

Brahmā continuou: “Seu aparecimento como vaqueirinho é para o benefício dos devotos, e, embora eu tenha cometido ofensas a Seus pés de lótus por roubar Suas vacas, meninos e bezerros, posso compreender Sua misericórdia para comigo. Eis Sua qualidade transcendental: Você é muito afetuoso para com Seus devotos. Apesar de Sua afeição por mim, não posso avaliar a potência de Suas atividades corporais. Deve-se entender que se eu, o senhor Brahmā, a pessoa suprema deste universo, não consigo avaliar o corpo infantil da Suprema Personalidade de Deus, então o que dizer de outros? E se eu não posso avaliar a potência espiritual de Seu corpo infantil, o que posso entender sobre Seus passatempos transcendentais? Portanto, como se diz no Bhagavad-gītā, qualquer um que possa entender um pouco de Seus passatempos transcendentais, de Seu aparecimento e de Seu desaparecimento, torna-se imediatamente elegível para entrar no reino de Deus depois de deixar o corpo material. Os Vedas também confirmam isso, declarando que, pelo simples fato de compreender Deus, a Pessoa Suprema, pode-se superar a cadeia de repetidos nascimentos e mortes. Por isso, recomendo que as pessoas não tentem compreendê-lO através de conhecimento especulativo”.

“O melhor processo para entendê-lO é abandonar submissamente o processo especulativo e tentar ouvir a Seu respeito, seja através de Você mesmo conforme Suas próprias palavras no Bhagavad-gītā e em muitos textos védicos semelhantes, seja através de um devoto realizado que se abrigou aos Seus pés de lótus. Deve-se ouvir de um devoto sem fazer especulação. Não é preciso nem mesmo mudar sua posição no mundo; basta que se ouça Sua mensagem. Embora não seja possível entendê-lO pelos sentidos materiais, pode-se, pelo simples fato de ouvir sobre Você, vencer aos poucos a ignorância da má compreensão. É só por Sua própria graça que Você Se revela ao devoto, pois Você é inconquistável por qualquer outro meio. Buscá-lO através do conhecimento especulativo sem nenhum vestígio de serviço devocional é simplesmente uma inútil perda de tempo. O serviço devocional é tão importante que até mesmo uma pequena tentativa pode elevar a pessoa à mais elevada plataforma de perfeição. Não se deve, pois, desprezar este processo auspicioso do serviço devocional e adotar o método especulativo. Pelo método especulativo, pode-se ganhar conhecimento parcial de Sua manifestação cósmica, mas não é possível entendê-lO como a origem de tudo. O esforço das pessoas que só estão interessadas no conhecimento especulativo é simplesmente trabalho perdido, como o trabalho de uma pessoa que tenta tirar arroz ao debulhar uma casca já vazia. Pode-se obter um pouco de arroz com uma roda de moer, mas, se a casca de arroz já foi debulhada pela roda de moer, não há vantagem adicional em debulhar a casca mais uma vez. Trata-se de um trabalho meramente inútil”.

“Meu querido Senhor, há muitos exemplos na história da humanidade em que uma pessoa, depois de falhar em alcançar a plataforma transcendental, ocupa-se em serviço devocional com seu corpo, mente e palavras e, assim, atinge o estado da mais elevada perfeição, que é entrar em Sua morada. Os processos para compreendê-lO através da especulação ou através da meditação mística são todos inúteis sem o serviço devocional. Devemos, portanto, ocupar-nos em Seu serviço devocional, mesmo em nossas atividades mundanas; devemos nos manter sempre ao Seu lado através do processo de ouvir e cantar Suas glórias transcendentais. Pelo simples fato de estar apegado a ouvir e cantar Suas glórias, pode-se alcançar o mais elevado nível de perfeição e entrar em Seu reino. Consegue-se com muita facilidade e felicidade a entrada em Sua morada suprema se houver sempre contato através do ouvir e cantar de Suas glórias e de oferecer os resultados de seu trabalho somente para Sua satisfação. As pessoas que limparam seus corações de todas as contaminações podem compreendê-lO. Essa limpeza do coração se faz por cantar e ouvir as glórias de Sua Onipotência”.

O Senhor é onipenetrante. O próprio Kṛṣṇa diz no Bhagavad-gītā: “Tudo é sustentado por Mim, mas, ao mesmo tempo, não estou em tudo”. Já que o Senhor é onipenetrante, não há nada que exista sem Seu conhecimento. A natureza onipenetrante da Suprema Personalidade de Deus jamais poderá caber dentro do conhecimento limitado de uma entidade viva; portanto, uma pessoa que alcançou firmeza da mente fixando-a nos pés de lótus do Senhor é capaz de entender o Senhor Supremo até certo ponto. É função da mente vaguear entre vários assuntos para desfrutar dos sentidos. Portanto, só uma pessoa que ocupe os sentidos sempre no serviço do Senhor pode controlar a mente e fixar-se nos pés de lótus do Senhor. Esta concentração da mente nos pés de lótus do Senhor chama-se samādhi. Enquanto não se alcança o nível de samādhi, ou transe, não é possível entender a natureza da Suprema Personalidade de Deus. Talvez haja alguns cientistas e filósofos que possam estudar a natureza cósmica átomo por átomo; pode ser que estejam tão avançados que possam contar a composição atômica da atmosfera cósmica ou todos os planetas e astros no céu, ou até as brilhantes partes moleculares do Sol ou de outros astros e corpos luminosos no céu. Contudo, não é possível contar as qualidades da Suprema Personalidade de Deus.

Como se descreve no início do Vedānta-sūtra, a Pessoa Suprema é a origem de todas as qualidades. De um modo geral, Ele é chamado nirguṇa. Nirguṇa quer dizer “sem estimativa de qualidades”. Guṇa quer dizer “qualidade”, e nir quer dizer “sem estimativa”. Os impersonalistas, entretanto, interpretam esta palavra nirguṇa como “que não tem qualidade alguma”. Por serem incapazes de avaliar as qualidades do Senhor em compreensão transcendental, eles concluem que o Senhor Supremo não tem qualidades, mas essa não é em realidade a posição. A verdadeira posição é que Ele é a fonte original de todas as qualidades. Todas as qualidades emanam constantemente dEle. Como pode, pois, uma pessoa limitada contar as qualidades do Senhor? Podem-se avaliar as qualidades do Senhor por um momento, mas, no momento seguinte, as qualidades aumentam, de maneira que não é possível fazer uma estimativa das qualidades transcendentais. Perante isso, Ele é chamado nirguṇa, ou seja, aquele cujas qualidades não podem ser avaliadas.

Não devemos nos esforçar em inútil especulação mental para avaliarmos as qualidades do Senhor. E tampouco é necessário adotar o método especulativo ou exercitar o corpo para alcançar a perfeição do yoga místico. Devemos entender simplesmente que a miséria e a felicidade deste corpo são predestinadas; não é necessário tentar evitar a miséria desta existência corporal nem tentar alcançar a felicidade por meio de diferentes tipos de exercícios. O melhor caminho é render-nos à Suprema Personalidade de Deus com corpo, mente e palavras e estarmos sempre ocupados a Seu serviço. Este trabalho transcendental é frutífero, ao contrário de tantas outras tentativas para se entender a Verdade Absoluta. Por isso, um homem inteligente não tenta entender a Pessoa Suprema, a Verdade Absoluta, através do poder especulativo ou místico. Ao contrário, ocupa-se em serviço devocional e depende da Suprema Personalidade de Deus. Ele sabe que qualquer coisa que aconteça ao corpo é devido às suas ações fruitivas passadas e, se puder viver uma vida simples em serviço devocional, ele, então, herdará automaticamente a morada transcendental. De fato, todo ser vivo é parte integrante do Senhor Supremo e um filho da Divindade. Todos têm o direito natural de herdar e compartilhar os prazeres do Senhor, mas, devido ao contato com a matéria, as entidades vivas condicionadas foram praticamente deserdadas. Se alguém adota o método simples do serviço devocional, estará apto a libertar-se da contaminação material e a se elevar à posição transcendental da associação com o Senhor Supremo.

O senhor Brahmā apresentou-se ao Senhor Kṛṣṇa fazendo-se passar pela criatura viva mais presunçosa porque ele quis examinar a maravilha do poder pessoal de Kṛṣṇa. Ele roubou os meninos e bezerros do Senhor para ver como o Senhor os recuperaria. Depois de sua manobra, o senhor Brahmā admitiu que sua tentativa fora muito presunçosa, porque estava tentando testar sua energia diante da pessoa da energia original. Caindo em si, o senhor Brahmā viu que, embora ele próprio fosse uma criatura viva muito poderosa na opinião de todas as outras criaturas vivas dentro deste mundo material, seu poder não valia nada em comparação com o poder e a energia da Suprema Personalidade de Deus. Os cientistas do mundo material descobriram maravilhas, tais como as armas atômicas, e, quando testadas em uma cidade ou em um lugar qualquer deste planeta, essas armas poderosas criam o que se chama de devastação, mas, se as armas atômicas forem testadas no Sol, qual será sua importância? Lá, elas são insignificantes. Do mesmo modo, o fato de Brahmā roubar os bezerros e meninos de Śrī Kṛṣṇa pode ser uma exibição admirável de poder místico, mas, quando Śrī Kṛṣṇa exibiu Seu poder de expansão em tantos bezerros e meninos e os manteve sem esforço, Brahmā pôde compreender que seu próprio poder era insignificante.

Brahmā dirigiu-se ao Senhor Kṛṣṇa como Acyuta porque o Senhor nunca Se esquece de um pequeno serviço prestado por Seu devoto. Ele é tão bondoso e afetuoso para com Seus devotos que aceita como grande até um pequeno serviço feito por eles. Brahmā com certeza prestou muito serviço ao Senhor. Como a personalidade suprema encarregada deste universo em particular, ele é, sem dúvida alguma, um fiel servidor de Kṛṣṇa, daí ele ter sido capaz de apaziguar Kṛṣṇa. Ele pediu que o Senhor o compreendesse como um servo subordinado cujos pequenos enganos e insolências podiam ser desculpados e admitiu que era arrogante por causa de sua posição poderosa como o senhor Brahmā. Por ele ser a encarnação qualitativa do modo da paixão dentro deste mundo material, era natural para ele cometer esse engano. Porém, acima de tudo, Brahmā esperava que Kṛṣṇa fizesse o favor de ter compaixão por Seu subordinado e o desculpasse por seu engano grosseiro.

O senhor Brahmā percebeu sua verdadeira posição. Ele é, indubitavelmente, o mestre supremo deste universo, encarregado da produção da natureza material, que consiste em energia material completa, falso ego, céu, ar, fogo, água e terra. Este universo pode ser gigantesco, mas pode ser medido, assim como medimos nosso corpo em sete palmos. Em geral, a medida pessoal de cada um calcula-se que seja de sete palmos de sua mão. Este Universo particular pode parecer um corpo muito gigantesco, mas não passa da medida de sete palmos para o senhor Brahmā. Além deste universo, há ilimitados outros universos que estão fora da jurisdição deste senhor Brahmā específico. Do mesmo modo como inumeráveis fragmentos atômicos infinitesimais passam pelos orifícios da tela da janela, milhões e trilhões de universos em sua forma de semente estão saindo pelos poros do corpo de Mahā-Viṣṇu, que é apenas uma parte da expansão plenária de Kṛṣṇa. Nessas circunstâncias, embora o senhor Brahmā seja a criatura suprema dentro deste universo, qual é a sua importância na presença do Senhor Kṛṣṇa?

O senhor Brahmā, portanto, comparou-se a uma criancinha no ventre de sua mãe. Será que a mãe se ofende com o bebê se ele brinca com suas mãos e pernas tocando seu corpo? É claro que não. Igualmente, o senhor Brahmā pode ser uma personalidade muito grande, e, mesmo assim, não só Brahmā, mas tudo o que é, existe no ventre da Suprema Personalidade de Deus. A energia do Senhor é onipenetrante; não existe lugar na criação em que ela não atue. Tudo existe dentro da energia do Senhor, então, o Brahmā deste universo e os Brahmās de muitos outros milhões e trilhões de universos existem dentro da energia do Senhor; por isso, o Senhor é considerado a mãe, e tudo o que existe dentro do ventre da mãe é considerado o filho. E a boa mãe jamais se ofende com a criança, mesmo que esta esperneie dentro do ventre.

O senhor Brahmā, então, admitiu que nascera da flor de lótus desabrochada do umbigo de Nārāyaṇa depois da destruição dos três mundos, ou três sistemas planetários, conhecidos como Bhūrloka, Bhuvarloka e Svarloka. O universo se reparte em três divisões, ou seja, Svarga, Martya e Pātāla, e esses três sistemas planetários dissolvem-se em água por ocasião da dissolução. Nesse momento, Nārāyaṇa, a porção plenária de Kṛṣṇa, deita-Se na água e, aos poucos, cresce de Seu umbigo um caule de lótus; dessa flor de lótus, nasce Brahmā. Conclui-se, naturalmente, que Nārāyaṇa é a mãe de Brahmā. Como o Senhor é o lugar de repouso de todas as entidades vivas depois que o universo é dissolvido, Ele Se chama Nārāyaṇa. A palavra nāra significa “o agregado total de todas as entidades vivas”, e ayana quer dizer “o lugar de repouso”. A forma do Garbhodakaśāyī Viṣṇu chama-Se Nārāyaṇa porque Ele descansa naquela água. Ele é também o lugar de repouso de todas as criaturas vivas. Além disso, Nārāyaṇa também está presente nos corações de todos, como o confirma o Bhagavad-gītā. Nesse sentido também, Ele é Nārāyaṇa, já que ayana quer dizer “a fonte de conhecimento”, bem como “o lugar de repouso”. O Bhagavad-gītā também confirma que a lembrança da entidade viva deve-se à presença da Superalma dentro do coração. Depois de trocar de corpo, a criatura viva esquece tudo a respeito de sua vida passada, mas como Nārāyaṇa, que é a Superalma, está presente dentro do coração dela, Ele a faz se lembrar de agir conforme seu desejo passado. O senhor Brahmā queria provar que Kṛṣṇa é o Nārāyaṇa original, que Ele é a fonte de Nārāyaṇa e que Nārāyaṇa não é uma exibição da energia externa, māyā, senão que é uma expansão da energia espiritual. As atividades da energia externa, ou māyā, são exibidas depois da criação deste mundo físico, mas a energia espiritual original de Nārāyaṇa já agia antes da criação. Então, as expansões de Nārāyaṇa – de Nārāyana para o Kāraṇodakaśāyī Viṣṇu, deste para o Garbhodakaśāyī Viṣṇu, deste para Kṣīrodakaśāyī Viṣṇu e deste para o coração de todos – são, na verdade, expansões de Kṛṣṇa, manifestações de Sua energia espiritual. Elas não são conduzidas pela energia material, logo não são temporárias. Qualquer coisa que a energia material conduza é temporária, mas tudo o que a energia espiritual executa é eterno.

O senhor Brahmā reconfirmou sua declaração que estabelece que Kṛṣṇa é o Nārāyaṇa original. Ele disse que o gigantesco corpo universal ainda está repousando na água conhecida como Garbhodaka. Ele falou o seguinte: “Este corpo gigantesco do Universo é outra manifestação de Sua energia. Por Ele estar repousando na água, esta forma universal também é Nārāyaṇa, e estamos todos dentro do ventre desta forma de Nārāyaṇa. Vejo Suas diferentes formas de Nārāyaṇa em toda a parte. Posso vê-lO na água, posso senti-lO dentro de meu coração e também posso vê-lO agora diante de mim. Você é o Nārāyaṇa original”.

“Meu querido Senhor, Você, nesta encarnação, provou que é o controlador supremo de māyā. Você permanece dentro da manifestação cósmica, apesar do que toda a criação está dentro de Você. Você já tinha provado esse fato quando exibiu toda a criação universal dentro de Sua boca diante de mãe Yaśodā. Por meio de Sua potência inconcebível, yogamāyā, Você pode efetuar tais coisas sem ajuda externa”.

“Meu querido Senhor Kṛṣṇa, toda a manifestação cósmica que agora estou visualizando está dentro de Seu corpo. Contudo, estou vendo-O de fora e Você também está me vendo de fora. Como podem acontecer estas coisas sem que se sofra a influência de Sua energia inconcebível?”

O senhor Brahmā enfatiza que, sem aceitar a energia inconcebível da Suprema Personalidade de Deus, não se podem explicar as coisas como elas são. Ele continuou: “Meu querido Senhor, deixando de lado todas as outras coisas e considerando apenas os acontecimentos que vi hoje: não se devem todos eles a Suas energias inconcebíveis? Primeiro, eu O vi sozinho; depois, Você Se expandiu como Seus amigos, bezerros e tudo o que existe em Vṛndāvana; em seguida, vi Você e todos os meninos como Viṣṇus de quatro mãos, e Eles estavam sendo adorados por todos os elementos e por todos os semideuses, inclusive por mim. Novamente, todos se tornaram vaqueirinhos, e Você permaneceu sozinho como estava antes. Isso não significa que Você é o Supremo Senhor Nārāyaṇa, a origem de tudo, que de Você tudo emana e, por fim, tudo entra novamente em Você e, ainda assim, Você permanece o mesmo de antes?”

“Pessoas que não têm consciência de Sua energia inconcebível não podem compreender que, sozinho, Você Se expande como o criador (Brahmā) e o aniquilador (Śiva). As pessoas que não têm conhecimento das coisas como elas são consideram que eu, Brahmā, sou o criador, Viṣṇu é o mantenedor, e o senhor Śiva é o aniquilador. Na verdade, você sozinho é tudo – criador, mantenedor e aniquilador. De forma semelhante, Você Se expande em diferentes encarnações; entre os semideuses, encarna como Vāmanadeva; entre os grandes sábios, encarna como Paraśurāma; entre os seres humanos, aparece como Você mesmo, o Senhor Kṛṣṇa, ou como o Senhor Rāma; entre os animais, aparece como a encarnação do javali, e, entre os seres aquáticos, aparece como a encarnação do peixe. E, contudo, Você não tem aparecimento ou desaparecimento, pois é sempre eterno. Seu aparecimento e Seu desaparecimento acontecem por Sua energia inconcebível apenas para dar proteção aos devotos fiéis e para aniquilar os demônios. Ó meu Senhor, ó onipenetrante Suprema Personalidade de Deus, ó Superalma, controlador de todos os poderes místicos, ninguém pode apreciar Seus passatempos transcendentais como são exibidos dentro destes três mundos. Ninguém pode avaliar como Você expandiu Sua yogamāyā e Suas encarnações e como Você atua por meio de Sua energia transcendental. Meu querido Senhor, toda esta manifestação cósmica é como um sonho passageiro, e sua existência temporária simplesmente perturba a mente. Como resultado, estamos cheios de ansiedade nesta existência; viver neste mundo material quer dizer simplesmente sofrer e estar cheio de todas as misérias. E, todavia, esta existência temporária do mundo material parece ser agradável e querida por ter evoluído de Seu corpo, que é eterno e cheio de bem-aventurança e conhecimento”.

“Portanto, minha conclusão é que Você é a Alma Suprema, a Verdade Absoluta e a suprema pessoa original; embora tenha Se expandido em tantas formas de Viṣṇu, ou em entidades vivas e outras energias, por meio de Suas inconcebíveis potências transcendentais, Você é o supremo incomparável, a Superalma suprema. As inumeráveis entidades vivas são apenas como centelhas do fogo original. Senhor, a concepção da Superalma como impessoal é aceita erroneamente, porque estou vendo que Você é o ser original. Uma pessoa com pobre fundo de conhecimento pode pensar que, por ser o filho de Mahārāja Nanda, Você não é a pessoa original, pois Você nasceu igual a um ser humano. Estão enganados. Você é a verdadeira pessoa original; esta é minha conclusão. Apesar de ser o filho de Nanda, Você é a pessoa original e não há dúvidas quanto a isso. Você é a Verdade Absoluta e não faz parte desta escuridão material. É a fonte do brahmajyoti original, bem como dos corpos luminosos materiais, como o Sol, a Lua e as estrelas. Sua refulgência transcendental é idêntica ao brahmajyoti. Como se descreve na Brahma-saṁhitā, o brahmajyoti não é senão Sua refulgência pessoal corpórea. Há muitas encarnações de Viṣṇu e encarnações de Suas diferentes qualidades, mas todas essas encarnações não estão todas no mesmo nível. Você é a lamparina original. Outras encarnações podem possuir o mesmo poder de iluminar como a lamparina original, mas a lamparina original é a origem de toda a luz. E por não ser uma das criações deste mundo material, Sua existência tal como é continuará, mesmo depois da aniquilação deste mundo”.

“O Gopāla-tāpanī (Upaniṣad védico), bem como a Brahma-saṁhitā, descrevem-nO como govindam ādi-puruṣam por Você ser a pessoa original, Govinda, a causa de todas as causas. Também se diz no Bhagavad-gītā que Você é a fonte da refulgência Brahman. Ninguém deve concluir que Seu corpo é como um corpo material comum. Seu corpo é akṣara, indestrutível. O corpo material está sempre cheio de três espécies de misérias, mas Seu corpo é sac-cid-ānanda vigraha: cheio de bem-aventurança, conhecimento e eternidade. Você também é nirañjana, porque Seus passatempos, como o filhinho de mãe Yaśodā ou amante das gopīs, jamais se contaminam com as qualidades materiais. E apesar de ter Se exibido como tantos vaqueirinhos, bezerros e vacas, Sua potência não diminuiu. Você é sempre completo. Como se descreve na literatura védica, mesmo que o completo seja tirado do completo – a Suprema Verdade Absoluta – ele ainda permanece o completo, a Suprema Verdade Absoluta. E apesar de serem visíveis muitas expansões do completo, o completo é único e incomparável. Porque todos os Seus passatempos são espirituais, não existe possibilidade de serem contaminados pelos modos da natureza material. Você não Se reduz em potência quando Se coloca como subordinado a Seu pai e a Sua mãe, Nanda e Yaśodā; isso é uma expressão de Sua atitude amorosa para com Seus devotos. Não existe uma segunda identidade para competir com Você. Uma pessoa com um pobre fundo de conhecimento conclui que Seus passatempos e Seu aparecimento são meras designações materiais. Você é transcendental tanto à ignorância quanto ao conhecimento, como se confirma no Gopāla-tāpanī. Você é o amṛta (néctar da imortalidade) original, indestrutível. Como os Vedas confirmam, amṛtam śāśvatam brahma. O Brahman é o eterno, a suprema origem de tudo, que não tem nascimento nem morte”.

“Afirma-se nos Upaniṣads que o Brahman Supremo é tão refulgente quanto o Sol e é a origem de tudo, e qualquer um que possa entender essa pessoa original liberta-se da vida condicionada material. Qualquer pessoa que puder se apegar a Você através do serviço devocional pode conhecer Sua verdadeira posição, Seu nascimento, aparecimento, desaparecimento e atividades. Como se confirma no Bhagavad-gītāpelo simples fato de compreender Sua posição constitucional, aparecimento e desaparecimento, qualquer pessoa pode se elevar de imediato ao reino espiritual depois de abandonar este corpo presente. Por isso, para atravessar o oceano de ignorância material, quem é inteligente se abriga em Seus pés de lótus e se transfere com facilidade para o mundo espiritual”.

“Há muitos que se chamam meditadores que não sabem que Você é a Alma Suprema. Como diz o Bhagavad-gītā, Você é a Alma Suprema presente no coração de todos. Em razão disso, não há necessidade de alguém meditar em algo além de Você. Quem está sempre absorto na meditação de Sua forma original de Kṛṣṇa atravessa facilmente o oceano da ignorância material. Contudo, as pessoas que não sabem que Você é a Alma Suprema permanecem neste mundo material a despeito de sua dita meditação. Se, pela associação com Seus devotos, alguém chega ao conhecimento de que o Senhor Kṛṣṇa é a Superalma original, é possível atravessar o oceano da ignorância material. Por exemplo, quando uma pessoa confunde uma corda com uma cobra, ela fica atemorizada, mas logo que compreende que a corda não é uma cobra, liberta-se do medo. Não precisaremos mais temer esta existência material se entendermos, por meio de Seus ensinamentos pessoais, como declarados no Bhagavad-gītāou por meio de Seus devotos puros, como se declara no Śrīmad-Bhāgavatam e em todos os textos védicos, que Você é a meta final de todo o conhecimento”.

“O que se chama libertação e cativeiro não tem sentido para quem já está ocupado em Seu serviço devocional, assim como uma corda não causa medo a uma pessoa que sabe que a corda não é cobra. O devoto sabe que o mundo material Lhe pertence e, por isso, ele ocupa tudo em Seu serviço amoroso transcendental. Assim, para esse devoto, não existe cativeiro. Para quem já está no planeta Sol, não são possíveis o aparecimento e o desaparecimento do Sol, chamados dia e noite. Também se diz que Você, Kṛṣṇa, é assim como o Sol, e que māyā é como a escuridão. Quando o Sol está presente, a escuridão é impossível; então, para aqueles que estão sempre em Sua presença ocupados em Seu serviço, não há tal coisa como condicionamento e libertação. Eles já estão libertos. Por outro lado, pessoas que falsamente se julgam libertas sem se abrigarem em Seus pés de lótus caem porque a inteligência delas não é pura”.

“É muito lamentável a condição de alguém que pensa que a Superalma é algo diferente de Sua personalidade e, assim, procura a Superalma em algum outro lugar, seja na floresta ou nas cavernas do Himalaia. Seus ensinamentos no Bhagavad-gītā mostram que devemos desistir de todos os processos de autorrealização e simplesmente rendermo-nos a Você, pois isso é completo. Porque Você é supremo em tudo, aqueles que buscam a refulgência Brahman, na verdade, estão Lhe buscando. E aqueles que querem a compreensão da Superalma também Lhe buscam. Você disse no Bhagavad-gītā que, por Sua representação parcial como a Superalma, Você mesmo entra nesta manifestação cósmica material. Você está presente no coração de todos e não há necessidade de procurar a Superalma em algum outro lugar. Se alguém faz isso, está em ignorância. Quem transcende tal posição entende que Você é ilimitado e está tanto dentro como fora. Portanto, Sua presença está em toda parte. Em vez de buscar a Superalma em algum outro lugar, um devoto concentra a mente em Você, que está dentro dele. De fato, só quem está liberto do conceito de vida material pode buscá-lO; outros não podem. A analogia de achar que a corda é uma cobra só se aplica àqueles que ainda O ignoram. De fato, a existência da cobra além da corda só existe na mente. A existência de māyā, igualmente, só existe na mente. Māyā não é mais que ignorância de Sua personalidade. Quando alguém esquece Sua personalidade, esse é o estado condicionado de māyā. Portanto, quem está fixo em Você, tanto interna como externamente, não está iludido”.

“Quem alcançou algum resultado no serviço devocional pode compreender Suas glórias. Nem mesmo quem se esforça para conseguir a realização Brahman ou a realização Paramātmā pode entender as diferentes características de Sua personalidade, a não ser que trilhe o caminho devocional. É possível ser o mestre espiritual de muitos impersonalistas, ou mesmo ir para a floresta ou para uma caverna ou montanha e meditar como eremita durante muitos e muitos anos, mas não é possível compreender Suas glórias sem ser favorecido por um pequeno grau de serviço devocional. A realização Brahman ou a realização Paramātmā também não é possível, mesmo depois de muita busca por muitíssimos anos, a não ser que exista um toque dos efeitos maravilhosos do serviço devocional”.

“Portanto, meu querido Senhor, oro para ser afortunado o bastante para que, nesta ou noutra vida, onde quer que eu nasça, eu possa estar entre Seus devotos. Onde quer que eu esteja, oro para estar ocupado em Seu serviço devocional. Nem mesmo me importo com a forma de vida que eu possa receber no futuro, porque posso ver que, mesmo na forma de vacas, bezerros ou vaqueirinhos, os devotos são muito afortunados por estarem sempre ocupados em Seu serviço devocional amoroso e por obterem Sua associação. Por isso, quero ser um deles em vez de uma pessoa tão elevada como sou agora, pois estou cheio de ignorância. As gopīs e vacas de Vṛndāvana são tão afortunadas que foram capazes de Lhe fornecer o leite de seus peitos. Aqueles que se ocupam na execução de grandes sacrifícios e oferecimento de muitos bodes em sacrifício não podem atingir a perfeição de O compreender, mas, apenas pelo serviço devocional, estas inocentes mulheres e vacas de vila são todas capazes de O satisfazer com seu leite. Você bebe o leite delas até ficar satisfeito, porém, jamais Se satisfaz com aqueles que se ocupam em sacrifícios. Por conseguinte, fico muito surpreso com a posição afortunada de Nanda Mahārāja, de mãe Yaśodā e dos vaqueiros e gopīs, porque Você, a Suprema Personalidade de Deus, a Verdade Absoluta, está aqui como o mais íntimo objeto do amor deles. Meu querido Senhor, ninguém pode apreciar de fato a boa fortuna desses moradores de Vṛndāvana. Somos todos semideuses, deidades controladoras dos vários sentidos das entidades vivas, e estamos orgulhosos de gozar tais privilégios, mas, de fato, não há comparação entre nossa posição e a posição destes afortunados residentes de Vṛndāvana, pois eles saboreiam Sua presença e gozam de Sua associação por meio de suas atividades sensoriais. Podemos nos orgulhar de sermos os controladores dos sentidos, mas, aqui, os residentes de Vṛndāvana são tão transcendentais que não estão sob nosso controle. De fato, eles desfrutam os sentidos ao Lhe prestarem serviço. Eu me considerarei bastante afortunado se tiver a oportunidade de nascer nesta terra de Vṛndāvana em qualquer de minhas vidas futuras”.

“Meu querido Senhor, não estou, portanto, interessado nem em opulência material nem em libertação. Oro muito humildemente a Seus pés de lótus para que, por favor, dê-me qualquer espécie de nascimento dentro desta floresta de Vṛndāvana de modo que eu possa ser favorecido pela poeira dos pés de alguns dos devotos de Vṛndāvana. Mesmo que eu receba a oportunidade de crescer como a humilde relva desta terra, este será para mim um glorioso nascimento. Contudo, se eu não tiver tanta sorte de nascer dentro da floresta de Vṛndāvana, peço que me permita nascer na área imediatamente fora de Vṛndāvana, a fim de que, quando os devotos saiam, eles passem sobre mim. Mesmo isso seria para mim uma grande sorte. Só aspiro a um nascimento onde eu possa cobrir meu corpo com a poeira dos pés dos devotos, pois posso ver que aqui todos têm plena consciência de Kṛṣṇa. Ninguém aqui conhece outra coisa além dos pés de lótus de Kṛṣṇa, ou Mukunda, o objeto pelo qual os próprios Vedas estão procurando”.

Confirma-se no Bhagavad-gītā que o propósito do conhecimento védico é encontrar Kṛṣṇa. E se diz na Brahma-saṁhitā que é muito difícil encontrar Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus, através de uma leitura sistemática da literatura védica. Ele, no entanto, é acessível com muita facilidade pela misericórdia de um devoto puro. Os devotos puros de Vṛndāvana são afortunados porque podem ver Mukunda (o Senhor Kṛṣṇa) o tempo todo. Esta palavra mukunda pode ser entendida de duas maneiras. Muk quer dizer libertação. O Senhor Kṛṣṇa pode dar libertação e, portanto, bem-aventurança transcendental. A palavra também se refere a Seu rosto sorridente, que é assim como a flor kunda. Mukha também quer dizer rosto. A flor kunda é muito bonita e parece estar sorrindo. Essa é a comparação.

A diferença entre os devotos puros de Vṛndāvana e outros devotos é que os residentes de Vṛndāvana não têm outro desejo além de se associarem com Kṛṣṇa. Kṛṣṇa, sendo muito bondoso com Seus devotos, satisfaz o desejo deles; porque eles sempre desejam a companhia de Kṛṣṇa, o Senhor está sempre preparado para dar essa associação a eles. Os devotos de Vṛndāvana também são amantes espontâneos e não seguem os princípios reguladores. Não se exige que eles sigam à risca os princípios reguladores porque já estão naturalmente desenvolvidos em amor transcendental por Kṛṣṇa. Os princípios reguladores são exigidos daqueles que ainda não estão na posição de amor transcendental. Brahmā é também um devoto do Senhor, mas está sujeito a seguir os princípios reguladores. Ele ora a Kṛṣṇa que lhe dê a chance de nascer em Vṛndāvana para que possa ser elevado à plataforma de amor espontâneo.

O senhor Brahmā continuou: “Meu Senhor, às vezes fico perplexo pensando em como Você será capaz de retribuir, em gratidão, o serviço devocional destes residentes de Vṛndāvana. Embora saiba que Você é a fonte original de toda bênção, fico perplexo querendo saber como Você será capaz de retribuir todo o serviço que está recebendo destes residentes de Vṛndāvana. Você é tão bondoso e magnânimo que até mesmo Pūtanā, que veio para O enganar, disfarçando-se como uma mãe muito afetuosa, recebeu a libertação e o posto verdadeiro de mãe. E outros demônios pertencentes à mesma família, tais como Aghāsura e Bakāsura, também foram favorecidos com a libertação. Nessas circunstâncias, estou perplexo. Esses moradores de Vṛndāvana deram-Lhe tudo – seus corpos, suas mentes, seu amor, suas casas. Tudo está sendo usado por Sua causa. Então, como Você conseguirá pagar Sua dívida para com eles? Você já Se entregou a Pūtanā! Suponho que permanecerá sempre devedor dos residentes de Vṛndāvana, sendo incapaz de retribuir o serviço amoroso deles.”

“Meu Senhor, posso entender que o ótimo serviço dos moradores de Vṛndāvana deve-se ao fato de eles ocuparem espontaneamente todos os seus impulsos naturais em Seu serviço amoroso. Afirma-se que o apego aos objetos materiais e ao lar deve-se à ilusão, que condiciona o ser vivo ao mundo material. Esse, entretanto, só é o caso para quem não está em consciência de Kṛṣṇa. No caso dos residentes de Vṛndāvana, esses obstáculos, como apego ao lar e à família, não existem. Uma vez que o apego deles foi direcionado para Você, não há impedimento algum. Por eles nunca se esquecerem de Você, e você sempre estar na casa deles, a casa deles é tal qual um templo. Para uma pessoa consciente de Kṛṣṇa, não existe tal coisa como impedimentos devido aos apegos ao lar e à família. Nem existe ilusão.”

“Também posso entender que Seu aparecimento como um vaqueirinho, um filho dos vaqueiros, não é de modo algum uma atividade material. Você está tão obrigado pelo afeto deles que está aqui para, por Sua presença transcendental, inspirá-los com mais serviço amoroso. Em Vṛndāvana, não existe distinção entre material e espiritual, porque tudo é dedicado a Seu serviço amoroso. Meu querido Senhor, Seus passatempos de Vṛndāvana são simplesmente para inspirar Seus devotos. Está desorientado quem considera Seus passatempos de Vṛndāvana como materiais”.

“Meu querido Senhor Kṛṣṇa, aqueles que O ridicularizam, alegando que Você tem um corpo material, como um homem comum, são descritos no Bhagavad-gītā como demoníacos e menos inteligentes. Você é sempre transcendental. Os não devotos são iludidos porque O consideram uma criação material. De fato, Você assumiu este corpo, que se parece com o de um vaqueirinho comum, só para aumentar a devoção e bem-aventurança transcendental de Seus devotos”.

“Meu querido Senhor, nada tenho a dizer sobre pessoas que anunciam que já compreenderam Deus, ou que, pela autorrealização, elas mesmas se tornaram Deus, mas, quanto a mim, admito francamente que não é possível compreendê-lO por meio de meu corpo, mente ou fala. O que posso dizer sobre Você, ou como posso entendê-lO através de meus sentidos? Não posso nem mesmo pensar perfeitamente em Você com minha mente, que é a dona dos sentidos. Suas qualidades, atividades e corpo não podem ser concebidos por pessoa alguma dentro deste mundo material. Só por Sua misericórdia pode alguém entender até certo ponto quem Você é. Meu querido Senhor, Você é o Senhor Supremo de toda a criação, embora, algumas vezes, eu pense falsamente que sou o senhor deste universo. Posso ser senhor deste universo, mas existem inumeráveis universos, e há também inúmeros Brahmās que presidem esses universos. Na verdade, porém, Você é o senhor de todos eles. Como a Superalma no coração de todos, Você conhece tudo. Portanto, por favor, me aceite como Seu servo rendido. Espero que me perdoe por perturbá-lO em Seus passatempos com Seus amigos e bezerros. Agora, se me permite, partirei imediatamente para que Você possa desfrutar a companhia de Seus amigos e vacas sem a minha presença”.

“Meu querido Senhor Kṛṣṇa, Seu próprio nome sugere que Você é muito atrativo. Toda a atração do Sol e da Lua se deve a Você. Pela atração do Sol, Você está embelezando a própria existência da dinastia Yadu. Com a atração da Lua, está aumentando a potência da terra, dos semideuses, dos brāhmaṇas, das vacas e dos oceanos. Por causa de Sua suprema atração, demônios como Kaṁsa e outros são aniquilados. Portanto, é minha conclusão ponderada que Você é a única Deidade adorável dentro da criação. Aceite minhas humildes reverências até a aniquilação deste mundo material. Enquanto brilhar o Sol neste mundo material, aceite, por favor, minhas humildes reverências”.

Dessa maneira, Brahmā, o senhor deste universo, depois de oferecer humildes e respeitosas reverências à Suprema Personalidade de Deus e circungirá-lO três vezes, estava pronto para regressar à sua morada conhecida como Brahmaloka. Através de um gesto, a Suprema Personalidade de Deus lhe conferiu permissão para regressar.

Logo que Brahmā partiu, o Senhor Śrī Kṛṣṇa voltou para as margens do Yamunā e juntou-Se novamente a Seus bezerros e amigos vaqueirinhos, que estavam todos exatamente da mesma maneira que estavam no dia que haviam desaparecido. Kṛṣṇa havia deixado Seus amigos na beira do Yamunā enquanto eles almoçavam, e, embora tivesse voltado somente um ano depois, os vaqueirinhos pensaram que Kṛṣṇa voltara em um segundo. É assim que funcionam as diferentes energias e atividades de Kṛṣṇa. Declara-se no Bhagavad-gītā que o próprio Kṛṣṇa reside no coração de todos e que Ele causa tanto a lembrança como o esquecimento. Todas as entidades vivas são controladas pela energia suprema do Senhor e ora se lembram, ora se esquecem de sua posição constitucional. Seus amigos, sendo controlados desta maneira, não podiam entender que, durante um ano inteiro, estiveram ausentes da margem do Yamunā e estiveram sob o encanto da ilusão de Brahmā. Quando Kṛṣṇa apareceu diante dos meninos, eles pensaram que Kṛṣṇa voltara em um minuto. Começaram a rir pensando que Kṛṣṇa não queria deixar a companhia deles na hora do almoço e, muito alegres, convidaram-no: “Caro amigo Kṛṣṇa, Você voltou tão depressa! Tudo bem, ainda não começamos a almoçar, não tomamos nem um punhado de comida. Então, venha juntar-Se a nós e vamos comer todos juntos”. Kṛṣṇa sorriu e aceitou o convite deles e começou a desfrutar a companhia de Seus amigos na hora do almoço. Enquanto comia, Kṛṣṇa pensava: “Estes meninos acham que voltei em um segundo, mas eles não sabem que, no ano que passou, estive envolvido com as atividades místicas do senhor Brahmā”.

Depois de acabarem de almoçar, Kṛṣṇa e Seus amigos e bezerros partiram para seus lares em Vrajabhūmi. No caminho, gostaram muito de ver a carcaça morta de Aghāsura na forma de uma serpente gigantesca. Quando Kṛṣṇa chegou a Vṛndāvana, Ele foi visto por todos. Ele usava uma pena de pavão em Seu turbante, que também estava enfeitado com flores da floresta. Kṛṣṇa também tinha guirlandas de flores e estava pintado com diferentes minerais coloridos coletados das cavernas da colina Govardhana. A colina Govardhana é sempre famosa por fornecer corantes vermelhos naturais, e Kṛṣṇa e Seus amigos pintavam seus corpos com eles. Cada um deles tinha uma corneta feita de chifre de búfalo, um cajado e uma flauta, e cada um chamava os próprios bezerros por seus respectivos nomes. Esses vaqueirinhos estavam tão orgulhosos das atividades maravilhosas de Kṛṣṇa que todos cantavam Suas glórias ao entrarem na vila. Todas as gopīs de Vṛndāvana viram o belo Kṛṣṇa entrando na vila. Os meninos compuseram belas canções sobre como tinham sido salvos de ser engolidos pela grande serpente e como esta fora morta. Alguns descreviam Kṛṣṇa como o filho de Yaśodā, e outros como o filho de Nanda Mahārāja. “Ele é tão maravilhoso que nos salvou das garras da grande serpente e a matou”, disseram. Mas mal sabiam eles que se passara um ano desde a morte de Aghāsura.

A esse respeito, Mahārāja Parīkṣit perguntou a Śukadeva Gosvāmī como os habitantes de Vṛndāvana de repente desenvolveram tanto amor por Kṛṣṇa, embora Kṛṣṇa não fosse membro de nenhuma das famílias deles. Mahārāja Parīkṣit perguntou: “Durante a ausência dos vaqueirinhos originais, quando Kṛṣṇa Se expandiu, por que os pais dos meninos ficaram mais amorosos com Ele do que com seus próprios filhos? Também, por que as vacas ficaram mais amorosas com os bezerros do que com seus próprios filhotes?”

Śukadeva Gosvāmī respondeu a Mahārāja Parīkṣit que todo ser vivo, de fato, se apega mais naturalmente a seu próprio eu. A parafernália externa como lar, família, amigos, país, sociedade, riqueza, opulência e reputação são todas apenas secundárias em agradar o ser vivo. Elas agradam somente porque dão prazer ao eu. Por essa razão, o ser vivo é egocêntrico e apegado ao corpo e ao eu, mais do que a parentes, como esposa, filhos e amigos. Se existir algum perigo imediato ao próprio ser, ele primeiro cuida de si para depois cuidar dos outros. Isso é natural. Isso quer dizer que mais do que qualquer coisa, ele ama a si mesmo. O próximo objeto importante de afeição é seu corpo material. Quem não tem informação acerca da alma espiritual é muito apegado a seu corpo material, tanto que, mesmo em idade avançada, quer preservar seu corpo de diversas maneiras artificiais, achando que seu corpo velho e alquebrado pode ser salvo. Todos estão trabalhando dia e noite apenas para dar prazer a seu próprio eu, seja sob o conceito de vida corpóreo ou espiritual. Estamos apegados aos bens materiais porque eles dão prazer aos sentidos ou ao corpo. O apego ao corpo está presente só porque o “eu”, a alma espiritual, está dentro do corpo. Igualmente, quando alguém é mais avançado, sabe que a alma espiritual é agradável porque é parte integrante de Kṛṣṇa. Em última análise, é Kṛṣṇa que é agradável e todo-atrativo. Ele é a Superalma de tudo. E a fim de nos dar essa informação, Kṛṣṇa desce e nos conta que o centro todo-atrativo é Ele mesmo. Sem ser uma expansão de Kṛṣṇa, nada pode ser atrativo.

Qualquer coisa que seja atraente dentro da manifestação cósmica é devido a Kṛṣṇa. Kṛṣṇa é, portanto, o reservatório de todo o prazer. Kṛṣṇa é o princípio ativo de tudo, e transcendentalistas muito elevados veem tudo em relação com Ele. Afirma-se no Caitanya-caritāmṛta que um mahā-bhāgavata, ou devoto muito avançado, vê Kṛṣṇa como o princípio ativo em todas as entidades vivas móveis e inertes. Por isso, ele vê tudo dentro desta manifestação cósmica em relação com Kṛṣṇa. Para o afortunado que se refugiou em Kṛṣṇa como tudo, a libertação já é um fato, e tal pessoa já não está mais no mundo material. O Bhagavad-gītā também confirma isso. Quem quer que esteja ocupado no serviço devocional a Kṛṣṇa já está na plataforma espiritual, ou brahma-bhūta. O próprio nome “Kṛṣṇa” sugere piedade e libertação. Qualquer pessoa que se refugie aos pés de lótus de Kṛṣṇa entra no barco que cruza o oceano da ignorância. Para essa pessoa, a vasta expansão da manifestação material torna-se tão insignificante como a pegada de um bezerro. Kṛṣṇa é o centro de todas as grandes almas e é também o abrigo dos mundos materiais. Quem está na plataforma da consciência de Kṛṣṇa, Vaikuṇṭha, ou o mundo espiritual, não está muito longe, pois tal pessoa não vive mais no mundo material, onde há um perigo a cada passo.

Dessa maneira, Śukadeva Gosvāmī deu a Mahārāja Parīkṣit uma explicação completa sobre a consciência de Kṛṣṇa. Śukadeva Gosvāmī até mesmo recitou para Mahārāja Parīkṣit as declarações e orações do senhor Brahmā. Essas descrições dos passatempos do Senhor Kṛṣṇa com os vaqueirinhos, Seu almoço com eles às margens do Yamunā e as orações do senhor Brahmā são todos assuntos transcendentais. Qualquer um que os ouça, recite ou cante com certeza consegue a realização de todos os seus desejos espirituais. Assim foram descritos os passatempos infantis de Kṛṣṇa e Suas brincadeiras com Balarāma e os vaqueirinhos em Vṛndāvana.

Neste ponto, encerram-se os significados Bhaktivedanta do capítulo quatorze de Kṛṣṇa, intitulado “O Senhor Brahmā Oferece Orações ao Senhor Kṛṣṇa”.


Guia de Estudos para o Capítulo 14 do livro de Krsna, a Suprema Personalidade de Deus

Primeira Parte – das páginas 127 até 130

1 – Como o Senhor Brahma se dirige ao Senhor Krsna que havia aparecido como um simples vaqueirinho?
2 - Quais são os adereços usados por Krsna naquele momento? Feche os olhos e imagine esta imagem de krsna bem na sua frente.
3 – Brahma cita seu próprio compêndio Samhita falando sobre o fato de que o corpo de Krsna não ter diferença entre o Seu Eu. Pense sobre este ponto. 4 – O que Brahma recomenda para se tentar compreender a Suprema Personalidade de Deus?
5 – O que o S. Brahma fala sobre o Serviço Devocional? Você pratica estas recomendações?
6 – Você pode compreender o que significa se Onipenetrante?
7 – O que significa Samadhi?
8 – O que significa Nirguna?
9 – De onde vem a miséria e a felicidade deste corpo e o que devemos fazer para herdar nosso direito natural como filhos de Deus?
10 – Depois de querer examinar o poder de krsna, como o Sr. Brahma se sentiu? Já aconteceu algo parecido em sua vida?


Segunda parte – da página 130 a 135
1 – Por que Brahma chamou Krsna de Acyuta?
2 – Como o Universo é analisado em relação ao Sr. Brahma?
3 – Por que o Sr. Brahma comparou Krsna a uma mãe?
4 – O que Brahma fala sobre o nome Narayana?
5 – Explique as três formas de Vishnu.
6 – Como Brahma determina a compreensão da Manifestação Cósmica?
7 – Explique como Krsna se expande?
8 – Brahma conclui que Krsna é a Alma Suprema. Estude os seus argumentos para esta afirmação.
9 – Estude a afirmação de Brahma de que Krsna é Govinda.
10 – O que se ganha ao compreender que Krsna é a Suprema Personalidade de Deus.


Terceira Parte – Da página 136 até o final
1 – Qual é a meta final do conhecimento Védico?
2 – Estude sobre a Superalma.
3 – Em que forma o Sr. Brahma quer nascer?
4 – Por que Brahma valoriza a vida em Vrndavana?
5 – O que significa a palavra Mukunda?
6 – O que Brahma fala sobre os demônios que Krsna matou?
7 – O que Brahma fala sobre as pessoas que não vêm Krsna em Sua posição real e sobre os que pensam que O compreendem sem Serviço Devocional?
8 – O que o Sr. krsna fez depois que Brahma foi embora?
9 – O que os meninos vaqueiros fizeram para louvar as atividades do Senhor Krsna?
10 – Estude a conversa entre Pariksit Maharaj e Sukadeva Gosvami e diga que ensinamentos podemos tirar desta história.
11 – Se você estivesse em frente a Krsna, como esteve o Sr. Brahma, o que você diria?