Shukadeva Goswami ficou muito estimulado quando Maharaja Parikshit perguntou-lhe porque os meninos pastores de vacas não discutiram a morte de Aghasura até que um ano se passou. Assim ele explicou: "Meu querido rei, você torna o assunto da matéria dos passatempos transcendentais de Krishna mais revigorado com seu caráter indagador".
É dito que é a natureza de um devoto aplicar constantemente sua mente, energia, palavras, ouvidos, etc., em ouvir e cantar sobre Krishna. Isso se chama Consciência de Krishna, e para aquele que está fascinado por ouvir e cantar de Krishna, o assunto nunca fica banal ou velho. Esse é o significado da matéria transcendental em contraste com a matéria material. O assunto da matéria material se torna rançoso, e a pessoa não agüenta ouvir um certo assunto durante muito tempo; ela quer mudar. Mas no que diz respeito ao assunto da matéria transcendental, chama-se nitya-nava-navayamana. Isso que dizer que a pessoa pode continuar a cantar e ouvir sobre o Senhor e nunca sentir cansaço além de permanecer revigorada e ansiosa para ouvir mais e mais.
É dever do mestre espiritual revelar todas as matérias confidenciais ao discípulo indagador e sincero. Assim, Shukadeva Goswami começou a explicar porque a morte de Aghasura não foi discutida até que um ano se passou. Shukadeva Goswami disse ao rei: "Agora ouça sobre este segredo com atenção. Depois de salvar Seus amigos da boca de Aghasura e depois de matar o demônio, o Senhor Krishna trouxe Seus amigos para a beira do Yamuna e falou com eles como se segue: "Meus queridos amigos, vejam como este lugar é muito bom para tomar lanche e brincar na areia macia da margem do Yamuna. Vocês podem ver como as flores de lótus estão lindamente desabrochadas e como distribuem seu perfume por toda a volta. O gorjeio dos pássaros junto com o arrulho dos pavões, rodeados pelo sussurro das folhas das árvores, combinam e apresentam vibrações sonoras que ecoam uma na outra. E isso justamente enriquece o belo cenário criado pelas árvores de lá. Vamos tomar nosso lanche neste lugar porque já está tarde e estamos com fome. Vamos deixar os bezerros perto de nós, e deixem eles beberem a água do Yamuna. Enquanto nos ocupamos em tomar o nosso lanche, os bezerros podem se ocupar em comer o capim macio que tem aqui neste lugar".
Ao ouvirem essa proposta de Krishna, todos os meninos ficaram muito felizes e disseram: "Certamente, vamos sentar todos aqui e tomar nosso lanche". Então eles deixaram os bezerros soltos para que pastassem o capim macio. Eles sentaram no chão e mantiveram Krishna no centro, e começaram a abrir suas lancheiras que trouxeram de suas casas. O Senhor Sri Krishna estava sentado no centro do círculo, e todos os meninos mantinham suas faces voltadas para Ele. Eles comiam e desfrutavam constantemente ver o Senhor face a face. Krishna parecia a corola de uma flor de lótus, e os meninos em volta Dele pareciam com as várias pétalas dela. Os meninos coletaram flores, folhas de flores e cascas de árvores e colocaram em baixo das várias lancheiras, e assim começaram a comer seu lanche, sempre na companhia de Krishna. Enquanto tomavam o lanche, cada menino começou a manifestar vários tipos de relacionamentos com Krishna, e eles desfrutavam da companhia um do outro com palavras jocosas. Enquanto desfrutava do lanche com Seus amigos dessa forma, a flauta do Senhor Krishna estava embainhada no cinturão da Sua roupa, e Seu chifre e cajado estavam embainhados no lado esquerdo da Sua roupa. Ele segurava uma porção de comida preparada com iogurte, manteiga, arroz e pedaços de salada de frutas na Sua palma esquerda, que podia ser vista através das juntas de Seus dedos que são como pétalas. A Suprema Personalidade de Deus, que aceita o resultado de todos os sacrifícios, ria e brincava, dessa maneira desfrutava um lanche com Seus amigos em Vrindavana. Assim, a cena era observada pelos semideuses no céu. No que diz respeito aos meninos, eles simplesmente desfrutavam da bem-aventurança transcendental na companhia da Suprema Personalidade de Deus.
Nesse momento, os bezerros que pastavam por perto entraram na floresta adentro, atraídos por novos pastos, e gradualmente saíram do campo de visão. Quando os meninos viram que os bezerros não estavam por perto, ficaram com medo pela segurança deles, e imediatamente eles gritaram "Krishna"! Krishna é o matador do medo personificado. Todo mundo tem medo do medo personificado, porém o medo personificado tem medo de Krishna. Ao gritarem a palavra "Krishna", os meninos imediatamente transcenderam a situação de medo. Por causa de Sua grande afeição, Krishna não queria que Seus amigos interrompessem sua diversão agradável de tomar lanche e fossem procurar os bezerros. Por isso Ele disse: "Meus queridos amigos, vocês não precisam interromper seu lanche. Continuem a desfrutar. Eu vou pessoalmente aonde os bezerros estão". Assim, o Senhor Krishna partiu imediatamente para procurar os bezerros nas cavernas e arbustos. Ele procurou nos buracos das montanhas e nas florestas, mas não conseguiu achá-los.
No momento quando Aghasura foi morto e os semideuses assistiam ao incidente com grande espanto, Brahma, que nasceu da flor de lótus que cresce do umbigo de Vishnu, também veio ver. Ele ficou surpreso de ver como o menino pequeno Krishna pode agir tão maravilhosamente. Apesar de ser informado que aquele pequeno menino pastor de vacas era a Suprema Personalidade de Deus, ele queria ver mais passatempos glorificados do Senhor, e por isso roubou todos os bezerros e meninos pastores de vacas e levou-os todos para um local diferente. Assim, o Senhor Krishna, apesar de procurar pelos bezerros, não conseguiu encontrá-los, e Ele perdeu até mesmo Seus amiguinhos na margem do Yamuna onde tomavam seu lanche. Na forma de um menino pastor de vacas, o Senhor Krishna era muito pequeno em comparação com Brahma, mas porque Ele é a Suprema Personalidade de Deus, Ele pôde entender imediatamente que todos os bezerros e meninos foram roubados por Brahma. Krishna pensou: "Brahma levou embora todos os meninos e bezerros. Como posso voltar para Vrindavana sozinho? As mães vão ficar aflitas"!
Por isso, para satisfazer as mães de Seus amiguinhos bem como convencer Brahma sobre a supremacia da Personalidade de Deus, Ele imediatamente Se expandiu como os meninos pastores de vacas e os bezerros. Os Vedas afirmam que a Suprema Personalidade de Deus expandiu-Se em tantos seres vivos por meio de Sua energia. Por isso que não foi difícil para Ele Se expandir novamente em tantos meninos e bezerros. Ele Se expandiu para ficar exatamente igual aos meninos, que eram de diferentes características de constituição facial e corpórea, e que eram diferentes em suas roupas e ornamentos e seu comportamento e atividades pessoais. Em outras palavras, cada um tem gostos diferentes; por ser uma alma individual, cada pessoa tem atividades e comportamento inteiramente diferentes. Mesmo assim, Krishna Se expandiu exatamente em todas as posições diferentes dos meninos individuais. Ele também Se tornou os bezerros, que também eram de diferentes tamanhos, cores, atividades, etc.. Isso foi possível porque tudo é uma expansão da energia de Krishna. É dito no Vishnu Purana, parasya brahmanah saktih. Qualquer coisa que vemos realmente na manifestação cósmica; seja matéria ou as atividades dos seres vivos; é simplesmente uma expansão das energias do Senhor, da mesma forma como calor e luz são diferentes expansões do fogo.
Assim Se expandindo como os meninos e os bezerros em suas capacidades individuais, e rodeado pelas expansões Dele mesmo, Krishna entrou na vila de Vrindavana. Os residentes não tinham conhecimento sobre o que tinha acontecido. Depois de entrar na vila, Vrindavana, todos os bezerros entraram em seus estábulos, e os meninos também foram para suas respectivas mães e lares.
As mães dos meninos ouviam a vibração de suas flautas antes de sua entrada, e para recebê-los, elas saíam de suas casas e os abraçavam. E por afeição maternal, o leite escorria de seus seios, e elas deixavam os meninos mamarem. Porém, a oferenda delas não era exatamente para seus meninos e sim para a Suprema Personalidade de Deus, que Se expandiu nesses meninos. Essa foi uma chance para todas as mães de Vrindavana alimentarem a Suprema Personalidade de Deus com seu próprio leite. Dessa forma, o Senhor Krishna não deu a chance de alimentá-Lo somente a Yashoda, mas dessa vez, Ele deu a chance a todas as gopis adultas.
Todos os meninos começaram a lidar com suas mães como de costume, e as mães também, com a aproximação da noite, começavam a banhar seus filhos respectivos, decorá-los com tilaka e ornamentos e dar a eles a comida necessária depois do labor do dia. As vacas também, que estavam longe no campo de pastagem, voltavam à noitinha e começavam a chamar seus bezerros respectivos. Os bezerros vinham imediatamente para suas mães, e as mães começavam a lamber os corpos dos bezerros. Essas relações entre vacas e as gopis com seus bezerros e meninos permaneceram inalteradas, apesar de na realidade os bezerros e meninos originais não estarem ali. Na verdade, a afeição das vacas por seus bezerros e a afeição das gopis adultas por seus meninos aumentou por acaso. Sua afeição incrementou naturalmente, mesmo se os bezerros e meninos não eram sua prole. Apesar das vacas e gopis adultas de Vrindavana terem mais afeição por Krishna do que por seus próprios filhos, depois desse incidente, sua afeição por seus filhos incrementou ilimitadamente, exatamente como era por Krishna. Por um ano continuamente, Krishna em pessoa Se expandiu nos bezerros e meninos pastores de vacas e estava presente no campo de pastagem.
Como o Bhagavad-gita afirma, a expansão de Krishna está presente no coração de todos na forma da Superalma. Similarmente, em vez de Se expandir como a Superalma, Ele Se expandiu numa porção de bezerros e meninos pastores de vacas durante um ano contínuo.
Um dia, quando Krishna, junto com Balarama, cuidavam dos bezerros na floresta, Eles viram algumas vacas que pastavam no topo da colina Govardhana. As vacas puderam ver lá em baixo no vale onde os bezerros eram cuidados pelos meninos. De repente, ao verem seus bezerros, as vacas começaram a correr em direção a eles. Elas se lançaram montanha abaixo com as patas dianteiras combinadas com as traseiras. As vacas estavam tão enternecidas com afeição por seus bezerros que não se importavam sobre o caminho acidentado do topo da colina Govardhana até em baixo no campo de pastagem. Elas começaram a se aproximar de seus bezerros com seus úberes cheios de leite e elas levantavam seus rabos para cima. Quando elas desceram a montanha, suas tetas jorravam leite no chão por causa da afeição maternal intensa pelos bezerros, apesar de não serem seus próprios bezerros. Essas vacas tinham seus próprios bezerros, e os bezerros que pastavam em baixo da colina Govardhana eram maiores; eles não deveriam mamar o leite diretamente das tetas pois ficavam satisfeitos só com o capim. Mesmo assim, todas as vacas vieram imediatamente e começaram a lamber seus corpos, e os bezerros também começaram a sugar o leite dos úberes. Parecia uma grande dependência afetiva entre as vacas e os bezerros.
Quando as vacas correram do topo para baixo da colina Govardhana, os homens que cuidavam delas tentaram pará-las. As vacas adultas são cuidadas pelos homens, e os bezerros são cuidados pelos meninos; no máximo possível, os bezerros são mantidos separados das vacas, para que os bezerros não bebam todo o leite disponível. Por isso que os homens que cuidavam das vacas no topo da colina Govardhana tentaram pará-las, mas falharam. Frustrados com sua falha, eles se sentiam envergonhados e com raiva. Eles estavam muito infelizes, mas quando desceram e viram seus filhos que cuidavam dos bezerros, eles subitamente ficaram com muita afeição pelas crianças. Isso foi muito espantoso. Apesar dos homens descerem desapontados, frustrados e zangados, logo que viram seus próprios filhos, seus corações se derreteram com grande afeição. Imediatamente, a raiva, insatisfação e infelicidade deles desapareceram. Eles começaram a expressar seu amor paternal por seus filhos, e com grande afeição eles os levantavam em seus braços e os abraçavam. Eles começaram a cheirar a cabeça de seus filhos e desfrutar da companhia deles com grande alegria. Depois de abraçar seus filhos, os homens novamente levaram as vacas de volta ao topo da colina Govardhana. Ao longo do caminho, eles começavam a pensar em seus filhos, e lágrimas de afeição caíam de seus olhos.
Quando Balarama viu esse intercâmbio extraordinário de afeição entre as vacas e seus bezerros e entre os pais e seus filhos; quando nem os bezerros nem as crianças necessitam tanto cuidado; Ele começou a deliberar porque essa coisa extraordinária aconteceu. Ele estava pasmo de ver todos os residentes de Vrindavana com tanta afeição pelos seus próprios filhos, exatamente como a afeição que tinham por Krishna. Similarmente, as vacas aumentaram a afeição por seus bezerros; tanto quanto para Krishna. Balarama portanto concluiu que a exibição extraordinária de afeição era algo místico, ou realizado pelos semideuses ou por alguma pessoa poderosa. Senão, como essa mudança maravilhosa pôde acontecer? Ele concluiu que essa mudança mística foi causada por Krishna, quem Balarama considerava Sua Personalidade de Deus adorada. Ele pensou: "Isso foi arranjado por Krishna, e nem mesmo Eu pude deter seu poder místico". Assim, Balarama entendeu que todos aqueles meninos e bezerros eram apenas expansões de Krishna.
Balarama perguntou a Krishna sobre a situação real. Ele disse: "Meu querido Krishna, no começo, Eu pensei que todas essas vacas, bezerros e meninos pastores de vacas ou eram grandes sábios ou pessoas santas ou semideuses, mas no presente, parece que eles são realmente Suas expansões. Eles são todos Você que Se expandiu como os bezerros e meninos? Você pode Me dizer bondosamente qual é a causa"? Com o pedido de Balarama, Krishna explicou brevemente toda a situação; como os bezerros e meninos foram roubados por Brahma e como Ele escondeu o incidente com Sua expansão para que as pessoas não soubessem que os bezerros e meninos originais estavam desaparecidos.
Enquanto Krishna e Balarama conversavam, Brahma retornou depois do intervalo de um momento (de acordo com a duração de sua vida). Temos a informação sobre a duração de vida do Senhor Brahma no Bhagavad-gita: 1.000 vezes a duração das quatro eras, ou 4.320.000 x 1.000, compreende doze horas de Brahma. Similarmente, um momento de Brahma é igual a um ano pelo nosso cálculo solar. Depois de um momento pelo cálculo de Brahma, Brahma voltou para ver a diversão causada pelo roubo dos meninos e bezerros. Mas também tinha medo de estar brincando com fogo. Krishna era seu mestre, e ele fez uma travessura por diversão ao levar os bezerros e meninos. Ele estava muito ansioso, por isso que não demorou muito, só um momento (pelo cálculo dele). Ele viu que todos os meninos e bezerros brincavam com Krishna da mesma forma como ele tinha visto sobre eles, apesar de ter certeza de tê-los levado e os colocado para dormir sob o encanto de seu poder místico. Brahma começou a pensar: "Todos os meninos e bezerros foram levados por mim, e eu sei que eles ainda estão dormindo. Como que um bloco similar de meninos e bezerros brincam com Krishna? Será que eles não são influenciados pelo meu poder místico? Será que eles continuaram a brincar durante um ano com Krishna"? Brahma tentou entender quem eram eles e porque não eram influenciados por seu poder místico, mas não conseguia determinar isso. Em outras palavras, ele mesmo caiu sob o encanto do seu próprio poder místico. A influência de seu poder místico parecia como neve no escuro ou vaga-lume durante o dia. Na escuridão da noite, o vaga-lume pode mostrar algum poder de brilho, e a neve empilhada no topo de uma montanha ou no chão pode brilhar durante o dia. Mas à noite, a neve não tem brilho; nem o vaga-lume tem poder de iluminar durante o dia. Similarmente, quando o pequeno poder místico exibido por Brahma ficou diante do poder místico de Krishna, era como a neve ou o vaga-lume. Quando uma pessoa com poder místico quer mostrar força na presença de um poder místico maior, ela diminui sua própria influência; ela não a aumenta, mesmo uma grande personalidade como Brahma, quando quis exibir seu poder místico perante Krishna, ficou ridículo. Brahma portanto ficou confuso sobre seu próprio poder místico.
A fim de convencer Brahma de que todos aqueles bezerros e meninos não eram os originais, os bezerros e meninos que brincavam com Krsna se transformaram em formas de Vishnu. Na realidade, os originais dormiam sob o encanto do poder místico de Brahma, mas os presentes, vistos por Brahma, eram todos expansões imediatas de Krishna, ou Vishnu. Vishnu é a expansão de Krishna, por isso que as formas de Vishnu apareceram na frente de Brahma. Todas as formas de Vishnu tinham cor azulada e vestidas com roupas amarelas; todas Elas tinham quatro mãos decoradas com maça, disco, flor de lótus e búzio. Nas cabeças Deles, havia elmos brilhantes de ouro com jóias; estavam adornados com pérolas e brincos, e colares de belas flores. Em Seus peitos havia a marca de Srivatsa; Seus braços estavam decorados com braceletes e outras jóias. Seus pescoços eram suaves como um búzio, Suas pernas eram decoradas com guizos, Suas cinturas decoradas com cintos de ouro, e Seus dedos decorados com anéis de jóias. Brahma também viu que por todo o corpo do Senhor Vishnu, eram jogados botões frescos de Tulasi, a começar de Seus pés de lótus até o topo de Sua cabeça. Outra característica significante das formas de Vishnu é que todas Elas pareciam transcendentalmente lindas. Seu sorriso parecia a lua cheia, e Seu olhar parecia o nascer do sol bem cedo. Apenas com Seu olhar, Eles pareciam como os criadores e mantenedores dos modos da ignorância e paixão. Vishnu representa o modo da bondade, Brahma representa o modo da paixão, e o Senhor Shiva representa o modo da ignorância. Portanto, como o mantenedor de tudo na manifestação cósmica, Vishnu também é o criador e mantenedor de Brahma e do Senhor Shiva.
Depois dessas manifestações do Senhor Vishnu, Brahma viu muitos outros Brahmas e Shivas e semideuses e mesmo seres vivos insignificantes até as formigas e palhas bem inferiores; seres vivos móveis e imóveis; que dançavam, em volta do Senhor Vishnu. Sua dança era acompanhada por vários tipos de música, e todos Eles adoravam o Senhor Vishnu. Brahma realizou que todas aquelas formas de Vishnu eram completas em poder místico, a começar pela perfeição anima de se tornar menor como um átomo até se tornar infinito como a manifestação cósmica. Todos os poderes místicos de Brahma, Shiva, todos os semideuses e os vinte e quatro elementos da manifestação cósmica estavam totalmente representados na pessoa de Vishnu. Pela influência do Senhor Vishnu, todos os poderes místicos subordinados estavam dedicados em Sua adoração. Ele era adorado pelo tempo, espaço, a manifestação cósmica, reforma, desejo, atividade e as três qualidades da natureza material. O Senhor Vishnu, Brahma também realizou, é o reservatório de toda verdade, conhecimento e bem-aventurança. Ele é a combinação das três características transcendentais, chamadas eternidade, conhecimento, e bem-aventurança, e Ele é o objeto de adoração pelos seguidores dos Upanishads. Brahma realizou que todas as diferentes formas de meninos e bezerros transformadas em formas de Vishnu não foram transformadas por um misticismo do tipo como um yogi ou um semideus pode exibir devido aos poderes específicos investidos nele. Os bezerros e meninos transformados em vishnu-murtis, ou formas de Vishnu, não eram exibições de vishnu-maya, ou energia de Vishnu, mas eram o Próprio Vishnu. As qualificações respectivas de Vishnu e vishnu-maya são como fogo e calor. No calor existe a qualificação do fogo, chamada ardor; e ainda assim calor não é fogo. A manifestação das formas de Vishnu a partir dos meninos e bezerros não era como o calor, mas sim o fogo; eles eram todos realmente Vishnu. De fato, a qualificação de Vishnu é verdade plena, conhecimento pleno e bem-aventurança plena. Outro exemplo pode ser dado com objetos materiais, que são refletidos em muitas, e muitas formas. Por exemplo, o Sol é refletido em muitos potes de água, mas os reflexos do Sol em muitos potes não são o Sol realmente. Não existe verdadeiro calor ou luz do Sol no pote, apesar de parecer o Sol. Mas as formas que Krishna assumiu eram cada uma delas e todas um Vishnu completo. Satyam significa verdade, jñanam, conhecimento pleno, e ananda, bem-aventurança plena.
As formas transcendentais da Suprema Personalidade de Deus em Sua pessoa são tão grandiosas que os seguidores impessoais dos Upanishads não podem alcançar a plataforma de conhecimento para compreendê-Las. Particularmente, as formas transcendentais do Senhor estão além do alcance dos impersonalistas que só podem entender, pelo estudo dos Upanishads, que a Verdade Absoluta não é matéria e que a Verdade Absoluta não é restrita materialmente por potência limitada. O Senhor Brahma entendia Krishna e Sua expansão nas formas de Vishnu e entendia que, devido à expansão da energia do Supremo Senhor, tudo que é móvel e imóvel dentro da manifestação cósmica é existente.
Quando Brahma permanecia assim frustrado em seu poder limitado e consciente de suas atividades limitadas dentro dos onze sentidos, ele também pôde realizar que também era uma criação da energia material, igual a uma marionete. Do mesmo modo como uma marionete não tem poder independente para dançar mas dança de acordo com a direção do mestre da marionete, os semideuses e seres vivos são todos subordinados à Suprema Personalidade de Deus. Como o Chaitanya-charitamrita afirma, o único mestre é Krishna, e todos os outros são servos. O mundo inteiro está sob as ondas do encanto material, e seres flutuam como palhas na água. Por isso seu esforço pela existência é contínuo. Mas logo quando a pessoa se torna consciente de que é um servo eterno da Suprema Personalidade de Deus, esta maya ou esforço ilusório pela existência é imediatamente parado.
O Senhor Brahma, que tem controle pleno da deusa do conhecimento e que é considerado a maior autoridade no conhecimento Védico, ficou assim perplexo, incapaz de entender o poder extraordinário manifestado pela Suprema Personalidade de Deus. No mundo mundano, mesmo uma personalidade como Brahma é incapaz de entender o potencial do poder místico do Supremo Senhor. Brahma não somente falhou em entender, como ficou até perplexo em ver a exibição que foi manifesta por Krishna na frente dele.
Krishna sentiu compaixão pela inabilidade de Brahma enxergar como Ele exibiu as formas de Vishnu e Se transformou nos bezerros e meninos pastores de vacas, e então, enquanto manifestava plenamente as expansões Vishnu, Ele subitamente fechou Sua cortina de yogamaya sobre a cena. No Bhagavad-gita é afirmado que a Suprema Personalidade de Deus não é visível devido à cortina estendida por yogamaya. A que cobre a realidade é maha-maya ou a energia externa, a qual não permite que uma alma condicionada entenda a Suprema Personalidade de Deus além da manifestação cósmica. Mas a energia que manifesta parcialmente a Suprema Personalidade de Deus e parcialmente não permite que alguém veja, se chama yogamaya. Brahma não é uma alma condicionada ordinária. Ele é muito, muito superior a todos os semideuses, e mesmo assim ele não pôde compreender a exibição da Suprema Personalidade de Deus; por isso Krishna desejou parar de manifestar qualquer potência a mais. A alma condicionada não somente fica confusa, como é completamente incapaz de entender. A cortina de yogamaya foi fechada para que Brahma não ficasse cada vez mais perplexo.
Quando Brahma ficou aliviado de sua perplexidade, parecia que tinha acordado de um estado de quase morte, e ele começou a abrir seus olhos com muita dificuldade. Assim ele conseguiu ver a manifestação cósmica externa com seus olhos comuns. Ele viu por toda sua volta a excelentíssima vista de Vrindavana; cheia de árvores; que é a fonte de vida para todos os seres vivos. Ele pôde apreciar a terra transcendental de Vrindavana onde todos os seres vivos são transcendentais à natureza ordinária. Na floresta de Vrindavana, mesmo animais ferozes como tigres e outros vivem pacificamente junto com os veados e seres humanos. Ele conseguiu entender que, por causa da presença da Suprema Personalidade de Deus em Vrindavana, esse lugar é transcendental a todos os outros lugares e ali não tem luxúria e ganância.
Brahma então encontrou Sri Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, que fazia o papel de um pequeno menino pastor de vacas; ele viu aquela criança pequena com um punhado de comida em Sua mão esquerda, a procurar Seus amigos e bezerros, do mesmo jeito que fazia exatamente um ano atrás, depois do desaparecimento deles.
Brahma desceu imediatamente de seu grande cisne transportador e caiu no chão perante o Senhor igual a um cajado de ouro. A palavra usada entre Vaishnavas para oferecer respeito é dandavat. Essa palavra quer dizer "cair no chão como um cajado"; deve-se oferecer respeito a um Vaishnava superior por cair no chão estirado, com seu corpo igual a um cajado. Por isso que Brahma caiu perante o Senhor igual a um cajado para oferecer respeito; e porque a compleição de Brahma é dourada, ele parecia como um cajado de ouro deitado perante o Senhor Krishna. Todos os quatro elmos nas cabeças de Brahma tocaram os pés de lótus de Krishna. Brahma, que estava muito feliz, começou a derramar lágrimas, e ele lavou os pés de lótus de Krishna com suas lágrimas. Repetidamente ele caiu e levantou à medida que recordava as atividades maravilhosas do Senhor. Depois de repetir as reverências por um longo tempo, Brahma se levantou e esfregou seus olhos com suas mãos. Ao ver o Senhor perante ele, a tremer, ele começou a oferecer preces com grande respeito, humildade e atenção.
Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Treze de Krishna, "O Roubo dos Meninos e Bezerros por Brahma".
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Guia de estudos para este capítulo do Livro “Krsna a Suprema Personalidade de Deus”.
1 – Estamos estudando uma história que aconteceu na época em que krsna estava no planeta em Sua forma pessoal. Neste momento é citada uma conversa entre Pariksit Maharaj e Sukadeva Gosvami, tempos depois. No capítulo anterior nós já conversamos o porque disto ter acontecido, então agora proponho outra reflexão:
a) Você já pensou em como podemos ter certeza destas datas?
Assista o vídeo do Instituto Gaudyia de Educação e pense neste assunto.
Segue o link:
https://www.youtube.com/watch?v=liqe1vrRYlM
2 – O que significa “nitya-nava-navayamana?
Você tem esta experiência?
3 – Srila Prabhupada inicia o terceiro parágrafo com uma frase muito profunda.
Como você se sente com relação a ela?
Você se enquadra nesta categoria de discípulo?
A relação com seu mestre espiritual flui conforme este conceito?
4 – Imagine-se dentro deste cenário proposto por Krsna enquanto ele está com os pastorzinhos..
Feche os olhos e imagine-se brincando com seus amigos e olhando para Krsna enquanto Ele pede para que todos se sentem e descansem num determinado local na Floresta de Vrndavana. Sinta o perfume das flores e o aroma das preparações deliciosas quando os meninos abrem suas lancheiras cheias de guloseimas feitas com tanto amor pelas gopis. Ria dos gracejos feitos por Krsna e seus amiguinhos, sinta a grama macia onde está sentada e ouça o barulho da água correndo no rio…
Repare que os semideuses só tiveram a oportunidade de observar esta cena. Nós podemos nos imaginar lá e podemos estar presentes nela um dia!
5 – Continue lendo e preste atenção na frase: “Todo mundo teme o medo personificado, mas o medo personificado tem medo de krsna.”
Quando você sente medo, consegue levá-lo até Krsna?
Quero dizer, consegue entregar esta sensação e se livrar dele?
6 – Krsna pessoalmente foi procurar os bezerros e deixou os meninos descansando.
O que você pensa desta atitude de Deus?
Será que quando descansamos, krsna está cuidando da situação ao nosso redor?
7 -Como o Senhor Brahma ajudou Krsna a continuar Seu passatempo?
Neste momento é citado um fato muito importante: “Krsna expande-Se em muitas entidades vivas por Sua energia.”
Então não se esqueça de que você, como uma entidade viva, é sem dúvida, uma energia de krsna.
Na sequência está dito que “TUDO é energia de krsna”
Você consegue se posicionar neste contexto? Vendo tudo como Krsna mesmo?
Será que isto significa ser um “personalista”?
8 – Krsna se expande em meninos e bezerros.
Pense na relação que se formou agora entre os parentes deles.
Srila Prabhupada diz que Krsna se expande como Paramatma no coração de todos mas agora desta maneira as relações se intensificaram.
Você consegue ver Krsna como Paramatma no coração de todas as pessoas com quem se relaciona? E em relação às outras pessoas do mundo todo?
9 – Pense na relação entre o Senhor Visnu e o Senhor Brahma e sobre o que este passatempo pode nos oferecer como ensinamentos em nossa vida. Liste pelo menos cinco.
Como é bom estudar os ensinamentos da Suprema Personalidade de Deus!!
Jaya Srila Prabhupada!!