segunda-feira, 2 de março de 2020

Krsna a Suprema Personalidade de Deus - Capítulo 12 - Matança do Demônio Aghasura

Uma vez, o Senhor desejou ir de manhã cedo para a floresta junto com seus amigos meninos pastores de vacas, onde eles se reuniriam e tomariam lanche. Logo que levantou da cama, Ele tocou Seu chifre de búfalo e chamou todos Seus amigos juntos. Eles partiram para a floresta e mantiveram os bezerros na frente. Dessa maneira, o Senhor Krishna reuniu milhares de Seus amigos. Todos eles estavam equipados com um cajado, flauta e chifre, e também uma bolsa com a lancheira, e cada um deles cuidava de milhares de bezerros. Todos os meninos pareciam muito alegres e felizes nessa excursão. Cada um e todos eles estavam atentos a seus bezerros pessoais. Os meninos estavam totalmente adornados com vários tipos de ornamentos de ouro e devido a suas propensões esportivas, eles começaram a colher flores, folhas, galhos, penas de pavão e barro vermelho de vários lugares na floresta, e começaram a se vestir de várias formas diferentes. Enquanto atravessavam a floresta, um menino pegou a lancheira de outro menino e a passou para um terceiro. Quando o menino que teve a lancheira furtada veio a saber disso, tentou recuperá-la. Mas um atirou para outro menino. Essa brincadeira esportiva continuou entre os meninos na forma de passatempos infantis.


Quando o Senhor Krishna ia adiante até um local distante a fim de ver algum cenário específico, os meninos atrás Dele tentavam correr e alcançá-Lo para ser o primeiro a tocá-Lo. Assim, havia uma grande competição. Um dizia, "eu vou lá e tocarei Krishna", e outro dizia, "ó, você não pode ir. Eu vou tocar Krishna primeiro". Alguns deles tocavam suas flautas ou vibravam seus clarins feitos de chifre de búfalo. Alguns deles seguiam os pavões alegremente e imitavam os sons onomatopéicos do cuco. Enquanto os pássaros voavam no céu, os meninos corriam atrás das sombras dos pássaros no chão e tentavam seguir o curso exato deles. Alguns deles iam para junto dos macacos e se sentavam em silêncio ao lado deles, e alguns deles imitavam a dança dos pavões. Alguns deles pegavam no rabo dos macacos e brincavam com eles, e quando os macacos pulavam numa árvore os meninos também os seguiam. Quando um macaco fazia careta e mostrava os dentes, um menino imitava e mostrava seus dentes para o macaco. Alguns dos meninos brincavam com as rãs na margem do Yamuna, e quando, por medo, as rãs pulavam na água, os meninos mergulhavam atrás delas imediatamente, e saíam da água depois que viam suas próprias sombras e de pé, faziam imitações, faziam caricaturas e riam. Eles iam até um poço seco e gritavam bem alto, e quando o eco voltava, eles diziam palavras de insulto e davam risada.


Como afirmado pessoalmente pela Suprema Personalidade de Deus no Bhagavad-gita, Ele é realizado proporcionalmente pelos transcendentalistas como Brahman, Paramatma e a Suprema Personalidade de Deus. Aqui, na confirmação da mesma afirmação, o Senhor Krishna, que concede realização de Brahman ao impersonalista com Seu esplendor corpóreo, também dá prazer aos devotos como a Suprema Personalidade de Deus. Aqueles que estão sob o encanto da energia externa, maya, acham que Ele é apenas uma bela criança. Mesmo assim, Ele deu prazer transcendental pleno aos meninos pastores de vacas que brincavam com Ele. Somente depois de acumularem montanhas de atividades piedosas, esses meninos foram promovidos para a companhia pessoal da Suprema Personalidade de Deus. Quem pode estimar a fortuna transcendental dos residentes de Vrindavana? Eles visualizavam pessoalmente a Suprema Personalidade de Deus face a face, Ele que muitos yogis não conseguem encontrar mesmo depois de se submeterem a severas austeridades, apesar Dele estar sentado dentro do coração. Isso é confirmado no Brahma-samhita. Alguém pode procurar por Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, através das páginas dos Vedas e Upanishads, mas se for afortunado o bastante para se associar com um devoto, poderá ver a Suprema Personalidade de Deus face a face. Depois de acumular muitas atividades piedosas em muitas e muitas vidas prévias, os meninos pastores de vacas viam Krishna face a face e brincavam com Ele como amigos. Eles não entendiam que Krishna é a Suprema Personalidade de Deus, mas brincavam como amigos íntimos com amor intenso por Ele.


Quando o Senhor Krishna desfrutava Seus passatempos infantis com Seus amigos, um demônio Aghasura ficou muito impaciente. Ele não podia tolerar ver Krishna brincar, por isso apareceu diante dos meninos com a intenção de matar todos. Esse Aghasura era tão perigoso que até mesmo os habitantes do céu tinham medo dele. Apesar dos habitantes celestiais beberem néctar diariamente para prolongar suas vidas, tinham medo desse Aghasura e pensavam: "Quando o demônio vai ser morto"? Os seres celestiais costumam beber néctar para se tornarem imortais, mas na realidade, não confiam na sua imortalidade. Por outro lado, os meninos que brincavam com Krishna não tinham medo de demônios. Eles eram livres de medo. Quaisquer arranjos materiais para proteger-se da morte são sempre incertos, mas se a pessoa estiver em Consciência de Krishna, então a imortalidade está assegurada confiantemente.

O demônio Aghasura apareceu na frente de Krishna e Seus amigos. Acontece que Aghasura era irmão mais novo de Putana e Bakasura, e ele pensou: "Krishna matou meu irmão e minha irmã. Agora vou matá-Lo junto de todos Seus amigos e bezerros". Aghasura foi instigado por Kamsa, por isso, vinha com determinação. Aghasura também começou a pensar que quando fosse oferecer grãos e água em memória de seu irmão e irmã e matar Krishna e todos os meninos pastores de vacas, então automaticamente todos os habitantes de Vrindavana também morreriam. Geralmente, para os familiares, as crianças são a vida e a força respiratória. Depois que todas crianças morressem, então naturalmente os pais também morreriam por causa da forte afeição por eles.

Aghasura, após decidir dessa forma matar todos habitantes de Vrindavana, expandiu-se pelo yoga-siddhi chamado mahima. Os demônios geralmente são peritos em obterem quase todos os tipos de poderes místicos. No sistema de yoga, a perfeição chamada mahima-siddhi permite que a pessoa se expanda na forma que desejar. O demônio Aghasura se expandiu até treze quilômetros e assumiu a forma de uma serpente bem gorda. Ao assumir esse corpo espantoso, ele escancarou sua boca igual a uma caverna na montanha. Ele desejava engolir todos os meninos de uma vez, inclusive Krishna e Balarama, então parou no caminho.

O demônio na forma de uma grande serpente gorda expandiu seus lábios da terra até o céu; seu lábio inferior tocava a terra e seu lábio superior tocava as nuvens. Sua mandíbula parecia uma grande caverna na montanha, sem iluminação, e seus dentes pareciam picos de montanhas. Sua língua parecia uma larga rodovia, e ele respirava igual a um furacão. O fogo de seus olhos era ardente. Primeiro, os meninos pensaram que o demônio era uma estátua, mas depois de examinar melhor, viram que era mais parecido com uma grande serpente deitada na estrada com a boca escancarada. Os meninos começaram a pensar entre eles: "Essa figura parece ser um grande animal, e ele está parado numa postura justamente para engolir todos nós. Olhem, não é uma grande serpente que escancarou sua boca para comer todos nós"?

Um deles disse: "Sim, o que você disse é verdade. O lábio superior desse animal parece igual ao sol ardente, e seu lábio inferior é como o reflexo do sol avermelhado no chão. Caros amigos, apenas olhem para o lado direito e esquerdo da boca do animal. Sua boca parece ser como uma grande caverna na montanha, e sua altura não pode ser estimada. O queixo também é elevado igual ao pico de uma montanha. Aquela longa rodovia parece ser sua língua, e dentro da boca é tão escuro quanto dentro de uma caverna na montanha. O vento forte que sopra como um furacão é sua respiração, e o mau cheiro de peixe que sai de sua boca é o cheiro dos seus intestinos".

Então eles consultaram mais entre si: "Se todos nós entrarmos ao mesmo tempo na boca dessa grande serpente, como será possível engolir todos nós? E mesmo se tiver que engolir todos nós de uma vez, não vai conseguir engolir Krishna. Krishna vai matá-lo imediatamente, como Ele fez com Bakasura". Falando dessa maneira, todos os meninos olharam para a bela face como o lótus de Krishna, e começaram a bater palmas e sorrir. E assim eles marcharam adiante e entraram na boca da serpente gigantesca.

Entretanto, Krishna, que é a Superalma dentro do coração de todos, pôde entender que aquela grande figura monumental era um demônio. Enquanto Ele planejava como impedir a destruição de Seus amigos íntimos, todos os meninos junto com suas vacas e bezerros entraram na boca da serpente. Mas Krishna não entrou. O demônio esperava a entrada de Krishna, e pensava: "Todos entraram exceto Krishna, que matou meus irmãos e irmãs".

Krishna é a garantia de segurança para todos. Mas quando viu que Seus amigos já estavam fora de Suas mãos e estavam deitados dentro do estômago de uma grande serpente, Ele ficou, momentaneamente, preocupado. Ele também ficou admirado de ver como a energia externa trabalha tão maravilhosamente. Então, Ele começou a considerar como o demônio devia ser morto e como Ele poderia salvar os meninos e os bezerros. Apesar de não haver nenhuma preocupação real da parte de Krishna, Ele pensava dessa forma. Finalmente, depois de um pouco de deliberação, Ele também entrou na boca do demônio. Quando Krishna entrou, todos os semideuses, que se reuniram para assistir à diversão e que estavam escondidos nas nuvens, começaram a expressar seus sentimentos com as palavras: "Ai de mi! Ai de mim"! Ao mesmo tempo, todos os amigos de Aghasura, especialmente Kamsa, que eram todos acostumados a comer carne e sangue, começaram a expressar seu júbilo, compreendendo que Krishna também tinha entrado na boca do demônio.


Enquanto o demônio tentava esmagar Krishna e Seus companheiros, Krishna ouviu os semideuses gritando: "Ai de mi! Ai de mim"! E Ele imediatamente começou a Se expandir dentro da garganta do demônio. Apesar de ter um corpo gigante, o demônio ficou sufocado pela expansão de Krishna. Seus grandes olhos se moviam violentamente, e ele ficou sufocado rapidamente. Seu ar vital não conseguia sair de jeito nenhum, e finalmente ele irrompeu através de um buraco na parte superior de seu crânio. Assim, seu ar vital expirou. Depois que o demônio caiu morto, Krishna somente com Seu olhar transcendental, trouxe todos os meninos e bezerros de volta à consciência e saiu com eles da boca do demônio. Enquanto Krishna estava dentro da boca de Aghasura, a alma espiritual do demônio saiu como a luz de um relâmpago, que iluminou todas as direções, e esperou no céu. Assim que Krishna com Seus bezerros e amigos saíram da boca do demônio, aquela luz brilhante cintilante, imediatamente imergiu dentro do corpo de Krishna dentro da visão de todos os semideuses.

Os semideuses ficaram extasiados de alegria e começaram a jogar chuvas de flores na Suprema Personalidade de Deus, Krishna, e assim eles O adoraram. Os habitantes celestiais começaram a dançar em júbilo, e os habitantes de Gandharvaloka começaram a oferecer vários tipos de preces. Os músicos dos tambores começaram a bater em seus tambores em júbilo, os brahmanas começaram a recitar os hinos Védicos, e todos os devotos do Senhor começaram a cantar as palavras: "Jaya! Jaya! Todas as glórias à Suprema Personalidade de Deus"!

Quando o Senhor Brahma ouviu essas vibrações auspiciosas que soaram por todo o sistema planetário superior, imediatamente desceu para ver o que acontecia. Ele viu que o demônio foi morto, e ele estava maravilhado com os gloriosos passatempos incomuns da Personalidade de Deus. A boca gigantesca do demônio permaneceu na posição aberta por muitos dias e gradualmente secou; e continuou a ser um local de passatempos de prazer para todos os meninos pastores de vacas.

A morte de Aghasura aconteceu quando Krishna e todos os Seus amiguinhos estavam abaixo de cinco anos de idade. Crianças abaixo de cinco anos se chamam kaumara; depois dos cinco anos até o décimo ano, elas se chamam pauganda; e depois do décimo ano até o décimo quinto ano, elas se chamam kaishora. Depois do décimo quinto ano, os meninos são chamados de jovens. Assim por um ano não houve nenhuma discussão sobre o incidente do demônio Aghasura na vila de Vraja. Mas quando completaram seu sexto ano, eles informaram seus pais sobre o incidente com grande admiração. O motivo disso será explicado claramente no próximo Capítulo.

Para Sri Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, que é muito maior do que semideuses como o Senhor Brahma, não é nem um pouco difícil conceder a alguém a oportunidade de imergir em Seu corpo eterno. Foi isso que Ele concedeu a Aghasura. Aghasura com certeza era o ser vivo mais pecaminoso, e não é possível um pecaminoso imergir dentro da existência da Verdade Absoluta. Mas neste caso específico, porque Krishna entrou dentro do corpo de Aghasura, o demônio ficou limpo de todas as reações pecaminosas. Pessoas que pensam constantemente na forma eterna do Senhor na forma da Deidade ou na forma de uma forma mental são agraciadas com o objetivo transcendental de entrar no Reino de Deus e se associar com a Suprema Personalidade de Deus. Por isso, imaginemos a posição elevada de alguém como Aghasura em cujo corpo a Suprema Personalidade de Deus, Krishna, entrou pessoalmente. Grandes sábios, meditadores e devotos constantemente mantêm a forma do Senhor dentro do coração, ou vêem a forma do Senhor como Deidade nos templos; assim, ficam liberados de toda contaminação material e no fim do corpo entram no Reino de Deus. Essa perfeição é possível simplesmente por manter a forma do Senhor dentro da mente. Mas no caso de Aghasura, a Suprema Personalidade de Deus entrou. A posição de Aghasura era portanto maior do que a do devoto ordinário ou dos grandes yogis.

Maharaja Parikshit, que estava concentrado em ouvir os passatempos transcendentais do Senhor Krishna (que salvou a vida de Maharaja Parikshit quando estava no ventre de sua mãe), ficou mais e mais interessado em ouvir sobre Ele. E assim ele indagou do sábio Shukadeva Goswami, que recitava o Srimad Bhagavatam perante o rei.

O rei Parikshit ficou um pouco em dúvida para entender porque a matança do demônio Aghasura não foi discutida por um ano, até depois que os meninos alcançaram a idade pauganda. Maharaja Parikshit foi muito inquisitivo para aprender isso, porque ele tinha certeza que um incidente assim era devido ao trabalho das diferentes energias de Krishna.

Geralmente, os kshatriyas ou classe administrativa estão sempre ocupados com seus assuntos políticos, e eles têm muito pouca chance de ouvir sobre os passatempos transcendentais do Senhor Krishna. Mas enquanto Maharaja Parikshit ouvia os passatempos transcendentais, ele se achava muito afortunado porque ouvia de Shukadeva Goswami, a maior autoridade do Srimad Bhagavatam. Solicitado dessa forma por Maharaja Parikshit, Shukadeva Goswami continuou a falar sobre os passatempos transcendentais do Senhor Krishna no assunto de Sua forma, qualidade, fama e parafernália.


Assim termina o significado Bhaktivedanta do Capítulo Doze de Krishna, "Matança do Demônio Aghasura".
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Questionário sobre o Capítulo 12:

1 - Refletir sobre a cena de Krsna andando com seus amigos pastorzinhos. Conte esta história para alguém.

2 - Pense sobre os três tipos de realizações de Deus (Brahman, Paramatma e Bhagavan). Agora reflita sobre a posição dos habitantes de Vraja e a relação deles com Krsna.

3 - Quem eram os irmãos de Aghasura. Por que ele queria se vingar de Krsna? Qual era o seu poder místico e qual era sua forma neste passatempo?

4 - Analise a atitude dos pastorzinhos ao entrarem na boca do demônio.

5 - O que aconteceu antes da morte deste demônio?

6 - Qual foi a reação dos semideuses diante da atitude de Krsna?

7 - Qual foi o destino último deste demônio?  Seja sincera e diga se você acha justa esta atitude de Krsna.

8 - Por que o rei Pariksit é citado dentro deste capítulo.

9 - Você consegue identificar este anartha na sua vida?

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